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Capital

Atuando em hospital há meses, leitora alerta: foi infectada após descuido

Sempre paramentada, trabalhadora acessou alas covid diversas vezes, mas foi em "momento de bobeira" que acabou contraindo a doença

Lucia Morel | 05/12/2020 07:23
Leitora "baixou a guarda" ao almoçar com amiga, tirando a máscara e não mantendo distanciamento, e foi contaminada com covid-19. (Foto: Marcos Maluf)
Leitora "baixou a guarda" ao almoçar com amiga, tirando a máscara e não mantendo distanciamento, e foi contaminada com covid-19. (Foto: Marcos Maluf)

“Um único segundo de descuido em que eu tirei a máscara pra almoçar, frente a frente com uma colega de trabalho, foi suficiente para ser contaminada”. O relato, que foi dito em tom de lamento é de leitora que, ao entrar em contato com a reportagem, pediu pra não ser identificada.

No entanto, a contaminação tem nome: covid-19. “Estou vivendo na prática a importância da máscara e do distanciamento”, diz a leitora, que não é profissional de saúde, mas trabalha em um dos maiores hospitais de Campo Grande e por conta disso, há meses tem contato com pacientes infectados, mas foi num almoço costumeiro em que ela diz ter se contaminado.

“É a única coisa pra explicar a covid-19. Tem um mês que eu não frequento a ala covid. Só vou de casa pro trabalho. Não vou nem ao mercado, meu marido e meu filho que vão. Em casa ninguém mais positivou”, detalha, lembrando que na última sexta-feira, completou 10 dias dos primeiro sintomas.

Para a leitora, num momento de descuido ela acabou sendo contaminada ao almoçar com uma colega de trabalho, hábito que é comum entre as duas. Ela conta que essa amiga sofre de hipertensão e no fim de novembro começou a apresentar sinais de náusea e dor de cabeça, sintomas comuns em quem trata de pressão arterial alta.

“Eu almoço com ela todos os dias. Ela e eu achávamos que os sintomas eram da pressão e no último dia que almoçamos juntos, sentamos frente a frente, não dá um metro de distância. Tirei a máscara para comer, para conversar, sem imaginar que ela estivesse com covid, mas foi suficiente”, disse. No dia seguinte a esse encontro, a colega fez o teste para detectar a doença, e deu positivo.

A leitora, já sabendo do resultado do exame da amiga, ficou em alerta e começou a apresentar sintomas em 26 de novembro, quando foi ao médico. Mesmo sem diagnóstico confirmado, saiu de lá com a lista de medicamentos usados no protocolo, os comprou e já começou a usar.

Há três dias começou a ter sintomas mais sérios, com falta de ar agravada. Na quinta-feira voltou ao médico, que pediu uma tomografia e viu que pouco menos de 20% de seu pulmão estava comprometido.

“Meu alerta é esse: tem que usar máscara. Não dá pra comer, conversar com ninguém sem distanciamento”, sustenta, ao que emenda que “as pessoas não estão levando a sério. Dentro do hospital onde trabalho os visitantes chegam sem máscara, os que entram de máscara acabam tirando a máscara no quarto. Temos que ficar fiscalizando isso dentro do hospital”, lamenta.

Ela reforça ainda que há meses ela trabalha em proximidade com pacientes com covid-19, tanto nos leitos intensivos quanto nas enfermarias e “sempre vou paramentada, com toda segurança e não havia pegado”, mas agora, num contato habitual e no qual “baixou a guarda”, acabou sendo infectada.

“Eu nunca fumei, não tenho comorbidades, e os sintomas foram se agravando mesmo assim e atingiu meu pulmão. Segundo o médico, a infecção só não avançou porque comecei cedo a medicação. Não é brincadeira e tem muita gente brincando”, afirma.

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