Bicheiro diz que sempre era avisado de operações da Polícia
Gerente ficava com 80% dos lucros e “chefão” não foi preso
Preso pela segunda vez em 3 anos, o bicheiro Irineu Barros de Oliveira, de 69 anos, revelou que os contraventores sempre foram salvos da prisão porque eram avisados de operações da Polícia.
“Eu não sei como não avisaram desta vez”, comentou. Ele conta que o gerente dos negócios, em Campo Grande, ficava com 80% dos lucros.
"Não ganhava quase nada. Tinha dia que vendia R$ 14 ou até nada", conta.
Segundo o bixeiro, era este funcionário que avisava das operações e também abastecia os bicheiros com talões, pelos quais os contraventores pagavam pequenas taxas. O gerente também fornecia o "ponto" para a venda do jogo de azar.
O envolvimento no esquema do jogo de bicho teria começado como um "passatempo, apenas para ocupar o dia a dia de um aposentado".
A esposa de Irineu, que não quis se identificar, afirma que o marido é aposentado e, por este motivo, não precisava se envolver na contravenção.
Ele, assim como os outros cerca de 24 presos na operação de hoje, são os homens que passam o dia nas bancas, fazendo anotações dos jogos.
“Por que não prendem os grandões, os caras que ficam com o dinheiro, cadê?”, questiona sua esposa.
Chefões - Na tarde de hoje, durante o depoimento no Cepol, os bicheiros questionaram o fato do “chefão” não ter sido preso.
“Com o chefão nunca aconteceu nada, não pensei que pudesse dar problema”, reclama um dos contraventores detidos na operação.
De acordo com o delegado Silvano da Mota, titular da Deops, ainda não é possível dizer se entre os presos há algum gerente do esquema. No entanto, o delegado diz que o "chefe não foi preso".
Ainda segundo o delegado, não é possível traçar um perfil do grupo preso nesta quarta-feira. Até o momento cerca de 25 pessoas foram encaminhadas para prestar depoimento.
No inquérito policial, todos que forem citados em depoimento, serão chamados pela Polícia para esclarecimentos, garante Silvano.
O delegado também foi questionado sobre investigação referente a venda de Jogo do Bicho dentro na Assembleia Legislativa, denunciada no ano passado em reportagem em rede nacional.
Segundo Silvano, não há relação entre os dois casos, até o momento.