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Capital

Causados por indisciplina, casos de violência em escolas chegam a 215 na Capital

Bruno Chaves | 08/10/2013 20:18
Seminário debateu violência nas escolas públicas de MS (Foto: Cleber Gellio)
Seminário debateu violência nas escolas públicas de MS (Foto: Cleber Gellio)

A violência nas escolas de Campo Grande preocupa pais, educadores e autoridades. Nos últimos meses, casos brutais, como o da estudante Luana Vieira Gregório, 15 anos, esfaqueada em frente ao colégio em que estudava, chamaram a atenção da sociedade e despertaram debates. Só na Capital, de janeiro a 3 de outubro de 2013, 215 casos de violência em colégios foram registrados na DEAIJ (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude).

Autoridades da Educação, Política e Polícia debateram o tema nesta terça-feira (8) em um seminário realizado pela ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública). Para os debatedores, a indisciplina foi classificada como principal motivo gerador de brigas e confusões entre alunos e professores.

De acordo com a secretária municipal adjunta de Educação, Terezinha Braz, a indisciplina e a desobediência geram conflitos escolares, que sempre existiram, mas estavam camuflados. “Mas agora, a violência está em evidência porque estamos em um momento de liberdade de expressão em que ela aparece com mais veemência. Por isso, momentos como esse seminário são importantes para que possamos impulsionar uma política educacional mais esclarecedora e preventiva nesses casos”, afirma.

A secretária lembrou que a violência vai muito além das brigas registradas dentro e fora das escolas. “A sociedade sofre com os casos registrados. Por exemplo, 44% dos professores de Campo Grande, o equivalente a cerca de dois mil profissionais, estão doentes e se sentem violentados por causa da indisciplina dos alunos”, revela.

Já uma pesquisa realizada em 2009 pelo Ipems (Instituto de Pesquisa de Mato Grosso do Sul) revelou que 56% dos professores do Estado sofreram algum tipo de agressão verbal ou moral; 13,71% deles ainda disseram ter sofrido agressão física. Em Campo Grande, 46% dos educadores afirmaram ter sofrido agressões verbal ou moral; 23,59% contaram ter sido agredidos fisicamente. A pesquisa ouviu 100 mil profissionais, tem amostra de 2% e representa o total de professores do Estado.

“Há uma dificuldade de o professor lidar com o aluno em sala de aula e há uma necessidade de se resgatar a autoridade do professor. A culpa disso é de toda a sociedade, da família e das autoridades. Não se pode jogar a responsabilidade em cima dos pais”, afirma o presidente da ACP, Geraldo Alves Gonçalves.

Delegada informa que, em média, quatro casos de violência são registrados por semana (Foto: Cleber Gellio)
Delegada informa que, em média, quatro casos de violência são registrados por semana (Foto: Cleber Gellio)
Para promotor, jovens precisam ter consciência de que também possuem deveres, além de direitos (Foto: Cleber Gellio)
Para promotor, jovens precisam ter consciência de que também possuem deveres, além de direitos (Foto: Cleber Gellio)

Limites - Para o promotor de Justiça da Infância, Adolescência e Juventude, Sérgio Harfouche, é necessário “fazer um resgate dos princípios e valores, que vem sendo negligenciados pela família e pelo poder público”. Harfouche acredita que a geração atual de jovens desrespeita autoridades, limites e expõe um risco de violência a si própria e a terceiros. “Violência, drogas e sexualidade irresponsável”, foram alguns exemplos citados por ele.

O promotor revelou que, para reverter essa situação, a Promotoria realiza projetos com pais, educadores, crianças e adolescentes para a conscientização de cada um sobre seu papel na sociedade. “O jovem tem que entender que ele também tem deveres e não só direitos”, opinou.

Já a delegada titular da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente), Regina Márcia Rodrigues de Brito Mota, acredita que políticas públicas precisam ser feitas para diminuir a violência em escolas, além de a população precisar se conscientizar sobre o fato.

“Pelo que a gente vê, fatores como desestruturação de famílias, falta de disciplina em casa e pais com histórico de violência refletem nos comportamentos de crianças e adolescentes nas escolas”, conta.

A delegada afirmou ainda que, em média, quatro ocorrências por semana, envolvendo agressão de menores, são registradas na delegacia. “Os casos vão desde ação conhecida como bullying até injúria, difamação e agressão, verbal e até física”. Casos extremos de abuso, como alunos serem agredidos pelo professor com arranhões ou objetos como apagadores, são menos comuns, mas também acontecem.

Para resolver um problema parecido, da melhor maneira possível, Regina orienta pais e responsáveis a procurarem, primeiro, a diretoria do colégio para poder entender o que ocorreu. “Em um segundo momento, é necessário procurar a polícia, já que, muitas vezes, o caso só encerra quando os pais são chamados na delegacia para conversarem sobre o assunto”, conclui.

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