Com faz e refaz em via, comerciantes abandonam pontos após prejuízos
Após inúmeras alterações no projeto inicial que levaram a prefeitura a adiar a inauguração da revitalização da avenida Júlio de Castilho, em Campo Grande, comerciantes vão abandonar a região em busca de reverter os prejuízos causados pela obra.
A reclamação é de que as máquinas da prefeitura chegam para fazer novas modificações, e os empresários ficam sem reação diante da possibilidade de ter o comércio novamente interditado até que a reforma acabe.
É o caso da loja Constru & Cia, na esquina da avenida com a rua Brasília, onde, segundo o gerente, Flávio de Almeida, é a quarta vez que a prefeitura faz o trabalho. “Dessa última vez, chegaram há umas duas semanas e tomaram a liberdade de mexer na calçada. Ninguém nos informou, e a loja passou uma semana, só com terra em volta. Depois, levaram mais uns dez dias para cimentar e ainda falta colocar o piso tátil”, quem é que entra com uma bagunça dessas?”, questiona o comerciante, que aponta queda de 30% no faturamento desde que as obras começaram.
Na peixaria do comerciante Plínio Moura, a situação ficou mais crítica e ele decidiu abandonar o ponto. Em dois meses será a feita a mudança. “Isso aqui acabou, não tem mais acesso para os motoristas. Isso porque ainda nem pintaram as faixas amarelas de proibição do estacionamento. Vou sair antes que isso aconteça e fique pior”, afirma.
Moura está no local há dez anos, mas as perdas se acentuaram com a colocação de um ponto de ônibus que estreitou a passagem de veículos. O espaço é locado e, além dos prejuízos com a rescisão do contrato, virão os gastos com para adequar a nova peixaria às regras da vigilância sanitária.
A situação é a mesma para Ednéia Pegoraro, que também já alugou outro espaço. Até o proprietário do lugar onde hoje funciona sua livraria foi vendido. “O dono sabe que vai ser difícil alguém querer alugar aqui”, acredita.
Rubens Pinheiro, que não tem como sair do espaço por causa do contrato de locação, garante que só vai aceitar novas modificações caso a prefeitura ateste que o espaço foi desapropriado.
Desta vez, a obra vai fazer nova redução na calçada de onde funciona um açougue, há cinco meses. “Investimos R$ 100 mil aqui, mas ainda estamos conquistando o investimento. Se vão diminuir o espaço, que é propriedade nossa, que eles apresentem o documento de desapropriação”.
Os proprietários já acionaram advogados e a intenção é impedir qualquer obra até que o documento seja apresentado.
Sem voz – A prefeitura convocou comerciantes da Júlio de Castilhos para diversas reuniões, intermediadas pela ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) para ouvir sugestões sobre o projeto, mas, segundo eles, o que foi discutido não saiu do papel.
“Eles fizeram do jeito deles, essas reuniões não serviram para nada. O projeto é inviável, só na cabeça daqueles engenheiros é que vai dar certo”, comenta Ednéia. Plínio, que participou de uma reunião quando soube que o tema seria a colocação dos pontos de ônibus, tem a mesma opinião. “Só um lado decidiu, lá, eles não ouviram ninguém”. “Não se importaram se afetaria o comércio, se os carros vão conseguir passar ou estacionar”, reforça Flávio.