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Capital

Família admite que adolescente de 13 anos morto em acidente costumava pilotar moto

Paula Maciulevicius e Ana Paula Carvalho | 06/09/2011 16:57

Delegacia de Atendimento à Infância e Juventude afirma ter diariamente 5 adolescentes apreendidos por dirigir

No velório de menino de 13 anos, família conta que garoto andava de moto e pedia para que o pai corresse mais. (Foto: Simão Nogueira)
No velório de menino de 13 anos, família conta que garoto andava de moto e pedia para que o pai corresse mais. (Foto: Simão Nogueira)

Pilotar “de vez em quando” a motocicleta do cunhado, como narraram os familiares, terminou em tragédia para o adolescente Alex de Andrade Soares, de 13 anos. O menino que morreu depois de bater a motocicleta em um caminhão na noite de ontem, era acostumado a pilotar, mesmo tendo cinco anos a menos da idade permitida para conduzir veículo.

Durante o velório do garoto, familiares admitiram ao Campo Grande News que o adolescente andava de moto, mas nem sempre. “Ele pegava sim, mas era só de vez em quando”, diz o irmão da vítima, Max Willian Soares Paes, de 21 anos.

Sobre a noite de ontem, ele conta que as coisas foram um pouco diferentes do habitual. Max pegou a motocicleta do cunhado, mas não chegou a pedir. “Mesmo se o Alex tivesse pedido, ele não teria dado porque já era tarde”, completa.

Questionado sobre como o garoto, com idade bem inferior ao permitido por lei para conduzir carro ou motocicleta, sabia pilotar, o irmão assume o que a família não gostaria de ter feito.

“Essa molecada aprende sozinha, mas a gente ensina também”, conta.

Alex pilotava uma moto Honda Fan pela rua Cachoeira do Campo e no cruzamento com a Alvilândia, no bairro Parque Lagoa, acertou a lateral de um caminhão frigorífico, conduzido por Hélio Pinheiro Rios, de 39 anos.

Devido ao impacto, o garoto morreu no local do acidente. Na garupa estava outro garoto, Leonardo Machado Araújo, de 15 anos, que teve uma fratura no braço direito e aguarda vaga para o CTI (Centro de Terapia Intensiva) da Santa Casa.

No momento do acidente, um amigo da família passava pelo local reconheceu a motocicleta e viu que Alex era um dos envolvidos no acidente. O jovem foi até a casa de Alex, pegou a mãe e o levou até a batida, mas como o adolescente estava muito ferido, a mãe não ia conseguir ver a cena. Então o rapaz voltou à casa, deixou a mulher e pegou o padrasto de Alex.

Rua em que acidente aconteceu não tem sinalização nas ruas nem em placas indicando o Pare. (Foto: Simão Nogueira)
Rua em que acidente aconteceu não tem sinalização nas ruas nem em placas indicando o Pare. (Foto: Simão Nogueira)

Na tarde de hoje, enquanto o corpo do adolescente era velado, a sobrinha da madrasta de Alex, Cristina Mourão, de 35 anos, relatou que no final de semana Alex havia comentado sobre a “baixa” velocidade em que o pai pilotava a moto.

“Ele falou para o pai que ele era medroso e que andava muito devagar. Ainda disse que ele tinha andar, colocar 100 120 quilômetros por hora. Mas o pai respondeu que era muito perigoso”, conta.

O menino estudava no colégio Wilson Taveira Rosalino, no bairro Aero Rancho e a morte trágica comoveu professores e colegas de classe. Entre os amigos a lembrança de um companheiro e também os comentários de que ele sempre pilotava motocicleta.

Do ponto de vista judicial, a delegada da Deaij (Delegacia Especializada no Atendimento à Infância e Juventude) Maria de Lourdes Cano, relata o que vê no dia-a-dia, a maioria dos acidentes ou apreensões de menores com veículos nunca é pela primeira vez.

“Em 90% dos casos de adolescentes pilotando ou dirigindo os pais sabiam sim. Eles que entregam o veículo. E se esse menino pegou escondido, onde estava essa chave? E como que ele aprendeu a pilotar”, questiona a delegada.

Diariamente entre cinco e seis adolescentes são apreendidos por conduzir veículos sem habilitação.

“Mesmo que eles aleguem que pegaram escondidos, o pai é responsabilizado sim, por permitir ou facilitar que menores conduzam veículos automotores”, afirma.

Na esquina em que tudo aconteceu o Campo Grande News pode observar de perto, o que já havia sido levantado pelo irmão da vítima, a falta de sinalização no cruzamento. Não há sinalização horizontal, nem vertical e segundo moradores o local também não é iluminado.

“Eu venho embalado e morro de medo de um carro passar e não ver”, diz o funcionário de uma funilaria William de Souza, 34 anos.

“Isso aqui é um breu danado, quem sobe pela Cachoeira do Campo até consegue enxergar pelo farol, mas quem vem descendo não enxerga nada”, completa.

No bairro, a vizinha Adriana Vaz, de 28 anos, relembra hoje o drama que a família viveu ontem. “Eu não vi ele com a motocicleta, quando eu cheguei a moto estava lá fora e estava tudo fechado, eu entrei para casa, só depois que eu ouvi a movimentação e já era do acidente”, relata.

Quanto à sinalização que cabe à secretaria de Obras que está com projeto em andamento no bairro, o secretário João Antônio de Marco afirmou que ainda vai sinalizar e que a obra está no acabamento final.

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