Menina que furta para comprar droga vai para tratamento pela terceira vez
Conselho Tutelar Sul acompanha adolescente desde 2010, quando foi internada para tratamento pela primeira vez
A menina de 12 anos que foi flagrada furtando para comprar drogas na madrugada de ontem (7) em um mercado no bairro Parque do Lageado, em Campo Grande, será encaminhada pela terceira vez para tratamento contra a dependência química.
De acordo com a conselheira tutelar Andréia Almeida Silva, o órgão acompanha a adolescente desde 2010, quando ela foi internada pela primeira vez. Segundo Andréia, no dia 3 de janeiro deste ano a mãe procurou pela segunda vez o Conselho, para encaminhar a garota a uma clínica de tratamento, mas ela acabou fugindo no mesmo dia.
“Apesar da idade dela, nenhuma clinica obriga a pessoa a ficar. O primeiro passo é querer sair das drogas”, afirma.
Na tarde de hoje a adolescente e a mãe foram ouvidas pelo delegado Maércio Alves Barbosa, da Deaij (Delegacia Especializada em Atendimento a Criança e Juventude). Ele orientou a mãe a procurar novamente o Conselho Tutelar e pedir novo encaminhamento para tratamento da filha.
Quanto aos furtos cometidos pela adolescente, o delegado explicou que será feito o procedimento corriqueiro. “Será montado o procedimento e encaminhado para a promotoria”.
Maércio Alves afirmou ainda que a apreensão ocorre apenas em casos extremos, meninas e meninas tão jovens usam violência para cometer atos infracionais, o que até o momento não foi registrado em relação à garota.
Vítima da dependência - Apesar da pouca idade já é possível perceber o resultado da droga no corpo da menina - que está muito magra e boceja o tempo todo. Segundo o delegado, a garota apresenta raciocínio lento e demora no entendimento.
Escondendo o rosto no colo da mãe, a menina disse que começou a fumar maconha aos 11 anos e agora é viciada em pasta-base de cocaína. Questionada se ela quer ser internada para tratamento, a adolescente balança a cabeça que sim.
“Só não quero ir amanhã porque é o meu aniversário,” conta.
O delegado teme que a garota tenha aceitado a fazer o tratamento porque estava em uma situação desfavorável na delegacia. “A maioria dos adolescentes que passam pela delegacia tem a droga como alimento para estes atos infracionais”, finalizou.
Desespero - A mãe da adolescente trabalha em um frigorifico e só volta à noite para casa. Ela e as duas filhas mais velhas, uma de 17 e outra de 21 anos - que tem um filho de seis meses - vivem no desespero.
“Tudo que a gente tem em casa de valor, a minha filha furta para comprar droga”, lamenta.
Para a mãe, a filha perdeu a noção de tudo. “Ela parou na 4ª série e não quer mais estudar. Quando não está drogada passa a maior parte do tempo dormindo”, desabafa.
Furtos - A adolescente foi flagrada na terça-feira (7), tentando furtar dinheiro de um mercado. De acordo com a Polícia Civil, o dono do estabelecimento viu quando a menina tentava sair com uma sacola plástica.
Ao verificar, encontrou R$ 173. Ele chamou a Polícia Militar e a menina foi encaminha à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Piratininga, mas foi liberada por ser menor de 12 anos. Ela foi relacionada apenas como testemunha.
No dia 30 de janeiro deste ano a adolescente foi relacionada como testemunha em um caso de receptação. Dois homens estão envolvidos.
Já no dia 14 de janeiro a menina foi relacionada em outro furto. De acordo com a Polícia Civil, uma mulher viu quando ela pulou o muro de uma casa e saiu com um notebook.
Na semana passada a criança invadiu uma marcenaria perto de onde mora com a família, no Dom Antônio Barbosa, e furtou um câmera fotográfica digital e um notebook.