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Curiosidade “fala mais alto” e mídias sociais já causam 1/3 dos acidentes

Lidiane Kober | 06/07/2014 13:10
Curiosidade “fala mais alto” e mídias sociais já causam 1/3 dos acidentes

“Falar que não, é mentira”. Assim a grande maioria dos motoristas responde se acessa o celular no trânsito. Com a popularidade cada vez maior de smartphones, de aplicativos e a abundância de outros dispositivos eletrônicos portáteis, o comportamento se torna cada dia mais frequente. O resultado é a distração ao volante, motivo de um terço dos acidentes, conforme pesquisa do Centro de Tecnologia Allianz.

“Falar que não atendo o celular, ou não leio mensagem e WhatsApp, seria uma baita mentira. Tenho consciência que estou errado, mas a curiosidade fala mais alto e todos os dias faço isso”, admitiu o consultor de vendas Jossandro Oliveira, 28 anos.

De motocicleta, ele vai ao trabalho e à universidade. “Estudo na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) e tenho mais medo de parar a moto, nas ruas escuras, e ser assaltado do que ler e responder WhatsApp”, comentou.

Questionado se nunca passou sufoco ou se envolveu em acidente por causa da distrição, Jossandro comemora o índice zero. “Graças a Deus nunca aconteceu nada, mas conheço muita gente que passou nervoso e até perdeu o controle do carro, depois de atender ligação ou ler mensagens”, contou.

A comerciante Ana Carolina dos Santos, de 20 anos, aprendeu a lição. “Ouvia aquele barulho do WhatsApp, ficava doida de curiosidade e começava a futricar, mas, há quatro meses, enquanto descia a Avenida Afonso Pena, me distraí com o aparelho e acertei a traseira de um outro carro. Por sorte, ninguém se machucou e, hoje, estou bem mais esperta e não olho o celular”, disse.

Jossandro tem consciência do risco, mas usa "todos os dias" o celular mesmo pilotando motocicleta (Foto: Marcos Ermínio)
Jossandro tem consciência do risco, mas usa "todos os dias" o celular mesmo pilotando motocicleta (Foto: Marcos Ermínio)

O supervisor de vendas Deivair Valenciano, 24 anos, por enquanto, não se envolveu em acidente, mas também tem costume de mexer no celular no trânsito. “Falar que não, é mentira”, afirmou. “A curiosidade é grande e não resisto”, justificou.

Atuando na área da telefonia, Mykael Alves, de 23 anos, não dirige, mas contou que a quantidade de motoristas que dirige e usa o celular é tão grande que já chamou a atenção das operadoras. “As empresas estão voltadas para desenvolver novas tecnologias e já criaram aparelhos que leem mensagens”, ressaltou.

Pesquisa - O Centro de Tecnologia Allianz, que fica em Munique, na Alemanha, estudou as causas e consequências da distração e verificou que um terço dos acidentes ocorrem por esse motivo. Fazer ligações telefônicas ao volante sem usar o kit viva-voz é proibido em diversos países. Mesmo assim, o levantamento aponta que um número significativo de motoristas ignora a proibição.

No total, 40% dos entrevistados admitiu fazer ligações telefônicas ao volante sem usar o viva-voz. Ao mesmo tempo, cerca de 60% consideram o uso de telefone celular como sendo uma das fontes mais perigosas de distração no trânsito. A pesquisa é de 2011 e, segundo o instituto, o problema é cada vez mais frequente.

Ainda de acordo com o estudo da Allianz, motoristas que às vezes usam o celular enquanto dirigem, tiveram um acidente com frequência muito maior nos últimos três anos do que aqueles que não usam o celular – independentemente de ser em viva-voz ou segurando na mão. O risco de ocorrer um acidente aumenta de 2 a 5 vezes se o motorista utilizar um celular.

"Escrever mensagens de texto enquanto se dirige é ainda mais perigoso do que usar o telefone, porque os olhos, mãos e mente já estão altamente envolvidos. 20% dos motoristas admitiram que às vezes escrevem um SMS ou um e-mail enquanto dirigem. Um a cada três motoristas lê mensagens de texto enquanto dirige", disse Jörg Kubitzki, especialista do Allianz em segurança nas estradas.

A pesquisa informa também que o risco de ocorrer um acidente aumenta quando o motorista está ocupado com tarefas manuais: 43% dos entrevistados que haviam sofrido um acidente nos últimos três anos disseram ter usado o telefone ao dirigir. Entre aqueles que não tiveram um acidente, este número foi de apenas 26%.

Depois de se envolver em acidente por ler mensagem, Ana Carolina fica longe do celular no trânsito (Foto: Marcos Ermínio)
Depois de se envolver em acidente por ler mensagem, Ana Carolina fica longe do celular no trânsito (Foto: Marcos Ermínio)
Deivair diz que a curiosidade é maior e não resiste ao toque do celular, mesmo no volante (Foto: Marcos Ermínio)
Deivair diz que a curiosidade é maior e não resiste ao toque do celular, mesmo no volante (Foto: Marcos Ermínio)
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