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Cidades

Explorados na indústria têxtil de SP, bolivianos entram por Corumbá

Nadyenka Castro | 28/04/2013 10:02

A fronteira seca Brasil/Bolívia – Brasil/Paraguai é conhecida pela fragilidade na segurança. Entorpecentes entram no País; carros roubados aqui são levados para lá, onde também se escondem foragidos.

Nos últimos anos, são por essas mesmas portas que têm entrado no Brasil pessoas que, com a esperança de trabalho decente, acabam sendo exploradas. “Temos tido enorme número de estrangeiros que vem ao Brasil”, disse o procurador-geral do Trabalho, Luís Antônio Camargo de Melo, em evento do MPT (Ministério Público do Trabalho), em Brasília.

De acordo com o procurador, a maioria das vítimas do tráfico de pessoas é boliviana e vai parar na indústria têxtil de São Paulo. A maior parte delas entra por Corumbá, a 419 quilômetros de Campo Grande. “A grande maioria entra por Corumbá”, afirma Luís Camargo.

Conforme o chefe da Procuradoria do Trabalho, há dois anos havia cerca de 350 mil bolivianos, sendo 100 mil deles já regularizados.

Agora, com o aperto da fiscalização nas costurarias industriais da capital paulista, a preocupação do órgão federal é com o tráfico interno: trabalhadores estão sendo levados para o interior, para igualmente serem explorados.

A punição para as empresas que insistem em promover o tráfico de pessoas é multa e inserção na lista suja do trabalho escravo . Uma delas foi de R$ 4 milhões. Dinheiro utilizado em benefício das vítimas.

Estes trabalhadores são vítimas de duas situações degradantes: tráfico de pessoas e trabalho escravo. São submetidos a jornadas exaustivas, não recebem salário compatível, ficam em débito com o empregador – pois este geralmente paga alimentação, hospedagem -.

Segundo o procurador, há paraguaios que também acabam vindo para o País, entrando por Mato Grosso do Sul, em busca de trabalho e terminam explorados. No entanto, o número é muito pouco perto da quantidade de bolivianos.

O coordenador nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, procurador do Trabalho Jonas Ratier Moreno, lembra que muitas das empresas que já foram flagradas explorando bolivianos são marcas conhecidas e até multinacionais.

Diante disso, ele chama para reflexão. “Quando a gente chega na arara [de roupas] e vê a promoção, tem que lembrar que o custo de produção é muito baixíssimo e a troco de exploração”.

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