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DEZEMBRO, QUARTA  25    CAMPO GRANDE 21º

Manoel Afonso

'As questões da sucessão estadual'

Manoel Afonso | 05/04/2014 08:23

E AGORA? É a pergunta que se faz após a decisão de André em continuar no cargo. Até aqui há mais ilações do que certezas porque de algum modo o fato surpreendeu a maioria das forças políticas inseridas no contexto sucessório.

EXEMPLO: Como questionar a decisão de Rogério Ceni de que vai parar no final do ano? É questão pessoal que envolve uma série de valores existenciais. Por analogia o mesmo parâmetro deve ser aplicado à essa postura de André.

A DISCUSSÃO aqui objetiva detectar quem levará vantagens ou prejuízos com o ‘fico’ de André, aliás o primeiro ato da corrida sucessória. Os contatos nos bastidores aumentarão, mas sem garantir decisões a curto prazo de partidos/lideranças.

QUESTÃO 1 André vai carrear mais votos para Nelsinho continuando no governo ou seria mais eficiente nesta transferência de votos como postulante ao Senado? Essa questão é complexa, vai depender de como a campanha se encaminhará.

QUESTÃO 2 Na eleição majoritária pesa muito o fator pessoalidade. É diferente daquela eleição para o Senado onde Lúdio (favorito) pediu votos para eleger Ramez, derrotando Rigo. Eram duas vagas para o mesmo cargo legislativo.

QUESTÃO 3 É o caso de se perguntar: qual o percentual do eleitorado de Delcídio que será convencido por ele a votar em Azambuja ao Senado? No caso, o aspecto partidário envolvendo essa aliança exigirá tratamento cuidadoso para não ‘trincar o vaso’.

QUESTÃO 4 Mulher adversária é complicado! Simone forçará Azambuja a mudar de tática para não atrair a antipatia do eleitorado feminino. O currículo e o DNA dela podem pesar na comparação entre ambos e no debate de ideias/propostas.

A PROPÓSITO Não custa lembrar mais uma vez o sufoco que Zeca (no governo e com aliados poderosos) passou para vencer Marisa praticamente sozinha. Além de outros aspectos a força do eleitorado feminino se fez presente. Portanto...

QUESTÃO 5 Nelsinho terá que mostrar luz própria, ajudado pela estrutura do PMDB nos municípios, pelas ações do governo estadual, seu desempenho na prefeitura da capital e o exercito de vereadores e deputados do PMDB/aliados.

QUESTÃO 6 É preciso avaliar qual a influência benéfica de Simone à candidatura de Nelsinho. Se na política não há verdades absolutas, não se pode desprezar a sutileza feminina de Simone em comparação com o ‘estilo impositivo de André’.

QUESTÃO 7 Delcídio passará ao largo da questão partidária, ao contrário do que insiste Zeca, pedindo chapa pura e sugerindo um vice sindicalista? Como conseguir administrar essa convivência tormentosa com o ex-governador e Cia?

QUESTÃO 8 Se Zeca bate na tecla da radicalização é sinal de que pretende manter esse divisor de águas. Mas ao contrário, se vencer, Delcídio não quer ficar refém do grupo de Zeca, já de olho numa vaga do Senado em 2018. Entendeu?

QUESTÃO 9 A sucessão nacional fará parte do discurso dos dois candidatos? Até onde seria conveniente discutir os grandes temas nacionais e seus reflexos em nosso ‘terreiro’. A população estaria preparada para esse tipo de debate?

QUESTÃO 10 A escolha dos candidatos a vice nas duas chapas ainda em aberto. Nota-se a tendência pela busca de uma candidata por razões óbvias. É a velha tese: vice é vice; se não ajuda também não pode criar problemas na campanha.

QUESTÃO 11 O ‘desastre Bernal’ será abordado na campanha? A quem interessaria mais aprofundar nesta questão? Há riscos de ferir a sensibilidade daquele que votou no prefeito cassado. É melhor pesquisar antes sobre a conveniência ou não.

QUESTÃO 12 Desde 1982, quando Wilson bateu Zé Elias por apenas 21.048 votos, a capital foi decisiva nos resultados. Neste pleito será igual, já que o cenário da capital poderá irradiar influencia para aquele eleitor indeciso do interior. Certo?

QUESTÃO 13 Quem seriam os melhores cabos eleitorais? Vai depender de uma série de circunstâncias. Aliás, no interior tem cabo eleitoral que mais atrapalha do que ajuda devido ao seu perfil conhecido e estigmatizado ao longo das eleições.

QUESTÃO 14 A campanha para governo não sairá por menos de 50 milhões de reais. ‘Venha de onde vier’ – o dinheiro não pode chegar atrasado sob pena de rompimentos e perda de alianças e votos. Sem ilusões, é assim que a coisa funciona.

MEMÓRIA Aquela pratica de fazer campanha vendendo bottons e camisetas não cola mais. É passado. O próprio PT – ex-craque nisso – mudou o estilo e aderiu ao jogo bruto. Mas o eleitor sabe: mais cedo ou mais tarde ele pagará essa conta.

QUESTÃO 15 A corrida eleitoral só está começando. Como nas anteriores teremos surpresas até as eleições. Ninguém ganhou e ninguém perdeu até aqui. As aparências podem induzir a conclusões precipitadas. Cautela e caldo de galinha...

QUESTÃO 16 Apenas Wilson elegeu seu sucessor – Marcelo em 1986, que por sua vez não elegeu Gandi (1990). Pedrossian não elegeu Zé Elias (1982) e nem Levy (1994); Zeca não elegeu Delcídio (2006). Os números não mentem.

QUESTÃO 17 Cabe ao eleitor raciocinar, fazer comparações inclusive entre os pleitos passados e os personagens do cenário atual. Entretanto, dois aspectos permanecem imutáveis ao longo do tempo: a vaidade e o sonho de poder. De leve...

No Brasil o eleitor só se torna consciente após as eleições”. (autor ignorado)

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