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Ser pai ou ter pai, eis a questão; a essência da paternidade

Por Lia Rodrigues Alcaraz (*) | 09/04/2024 16:36

O que é ter pai nos dias de hoje, e como é ser criado por um, para muitas pessoas pode ser uma relação extremamente tranquila e saudável, mas para outras pessoas a toxidade ocorre pelo simples fato de o outro existir na mesma cidade.

Estamos em uma sociedade em constante transformação, o papel e a presença do pai têm sido objeto de reflexões profundas. A dicotomia entre "ser pai" e "ter pai" revela camadas complexas de significado que vão além da simples biologia ou da mera presença física. Ser pai transcende a mera concepção e se estende ao compromisso, ao amor e à dedicação incondicional.

A ideia de "ser pai" evoca a imagem do homem que se dedica integralmente ao cuidado e ao desenvolvimento do seu filho, é aquele que não apenas contribui para a criação material, mas que também se empenha emocionalmente, participando ativamente da vida da criança, compartilhando experiências, orientando e educando, tarefas que não são rápidas e nem fáceis.

Ser pai implica em estar presente não apenas nos momentos de alegria, mas também nos desafios e dificuldades que a vida apresenta, é ser um exemplo de retidão, e não só apenas de amor incondicional, mas de apoio constante como também de cultivar um vínculo de confiança e respeito mútuo, construindo uma relação sólida que perdurará ao longo dos anos.

No entanto, nem todos os homens que geram filhos assumem verdadeiramente o papel de pais, aqui entra a distinção entre "ser pai" e "ter pai". Ter pai diz respeito à presença física, à figura biológica que pode ou não estar presente na vida da criança, mas essa presença meramente física não garante a verdadeira paternidade. Os “pais de Instagram” são aqueles que tiram fotos ou revivem fotos antigas, mas mal consegue saber qual a comida favorita do filho, ou o desenho que mais gosta, pois além de não ter interesse, não gera interesse na criança.

É fundamental compreender que ser pai vai além da simples relação biológica. Envolve um compromisso emocional, mental e espiritual com o desenvolvimento e o bem-estar do filho. É uma jornada de aprendizado constante, e principalmente de renúncias, desafios, abdicar de questões particulares e dar preferência, mesmo quando não se é o proferido.

Em uma época em que os papéis de gênero estão em constante redefinição, é essencial reconhecer e valorizar a importância do pai como figura de referência na vida de uma criança. Seja ele o pai biológico ou não, o que realmente importa é o seu compromisso e dedicação em "ser pai" de verdade.

Portanto, a questão não reside apenas em "ter pai", mas sim em ser capaz de desempenhar o papel de pai com todo o amor, responsabilidade e dedicação que essa função demanda. É nesse compromisso genuíno que reside a verdadeira essência da paternidade.

(*) Lia Rodrigues Alcaraz é psicóloga formada pela UCDB (2011), especialista em orientação analítica (2015) e neuropsicóloga em formação (2024). Trabalha como psicóloga clínica na Cassems e em consultório.

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