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Economia

Bandeira vermelha eleva tarifa e conta de luz vira "bomba" no início do ano

Caroline Maldonado | 24/01/2015 09:07
Marly Raiol está indignada com o aumento de 272%na conta de energia (Foto: Alcides Neto)
Marly Raiol está indignada com o aumento de 272%na conta de energia (Foto: Alcides Neto)

A última conta de energia assustou a aposentada Marly Raiol Lopes, 81 anos, que não tem como pagar tão caro de um dia para o outro. A fatura, que antes não passava de R$ 200, subiu para R$ 745, um aumento de 272%. “Estou me recusando a pagar”, diz ela, ao relatar que a Enersul já realizou uma segunda leitura e informou que o valor é esse mesmo. Agora, Marly aguarda a visita de técnicos para verificar o estado do medidor de energia.

Na melhor das hipóteses, a aposentada espera que o medidor esteja com defeito e não seja esse o valor médio a pagar daqui para frente, na casa em que mora apenas com o filho. “Não pode ter aumentado tudo isso. Temos três ares-condicionados, mas sempre tivemos esses aparelhos e a conta era menor”, justifica Marly, que vai procurar o Procon (Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor) caso seja atestado que o medidor não tem defeito.

Caso a medição esteja correta, o valor da conta da aposentada está relacionado ao aumento no consumo que, segundo a fatura, passou de 290 KWh para 1.375 KWh, mas a vigência das bandeiras tarifárias certamente agravou a situação. Para entender como isso funciona, desde 2013 a concessionária informa na conta qual a bandeira operante. O problema é que o acréscimo começou a ser cobrado nas contas que vencem em janeiro.

O sistema foi implantado para que o consumidor pague um acréscimo quando consome mais de 100 KWh quando pioram as condições de geração de energia no Brasil. Como os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas estão baixos, foram acionadas termelétricas, que produzem energia a custo bem mais alto. Por isso, são definidos pelo Governo os períodos em que o preço do kilowatt será cobrado em bandeira verde, amarela ou vermelha.

Neste mês, vale a bandeira vermelha e a tarifa sobe R$ 3,00 a cada 100 KWh. Isso aumentou a fatura dos sul-mato-grossenses em média 8,5%. Quanto a bandeira for amarela, será cobrado R$ 1,50 a cada 100 KWh, além do valor total da conta. A bandeira verde, que não aumenta a fatura, valerá quando o país estiver produzindo energia com custo mais baixo.

De acordo com o Consen (Conselho de Consumidores da Área de Concessão da Enersul), em 2014, foram dez meses em bandeira vermelha e apenas dois em bandeira amarela. Fevereiro também deve operar em bandeira vermelha, segundo a presidente do Consen, Rosimeire da Costa. “Estamos saindo do período sem chuva e entrando no período de verão e são meses em que mais ocupamos energia”, explica.

Presidente do Consen, Rosimeire da Costa, explica o motivo do reajuste extra no preço da energia (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Presidente do Consen, Rosimeire da Costa, explica o motivo do reajuste extra no preço da energia (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Mais reajuste – O consumidor já pode se preparar para pagar ainda mais no fim deste trimestre, pois está em discussão o reajuste anual da Enersul, em abril e a revisão tarifária extraordinária, que valerá a partir de março para todo o Brasil.

Com isso, o reajuste pode ultrapassar os 40%, embora o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, tenha garantido que esse percentual não será superado. Por meio do reajuste extra, os consumidores pagarão empréstimos do Governo Federal às concessionárias de energia, ao longo dos próximos três anos ou cinco anos.

“Ainda não temos os reservatórios cheios, que induzem a ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) a despachar a energia advinda de hidrelétrica, que é o megawatt, que é mais barato. Tudo isso, fez com que em 2014 o Governo conseguisse um empréstimo de R$ 17,8 bilhões para as concessionárias, mas esse valor não fechou a conta de novembro e dezembro do ano passado e agora foi fechado um novo aporte de R$ 2,5 bilhões. Então nossa conta total de compra de energia é de R$ 20,3 bilhões”, detalha Rosimeire, ao explicar que ainda não foi divulgado qual o valor direcionado a Mato Grosso do Sul.

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