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Artes

"Teatro não é recreação", lembra diretor de peça adulta com bonecos

Helton Verão | 06/04/2013 12:10
"Teatro não é recreação", lembra diretor de peça adulta com bonecos

Campo Grande sabe muito bem como é. Quase todas as peças de teatro apresentadas na cidade são comerciais. Têm sempre um ator global no elenco, ou algum humorista fazendo stand up comedy. O teatro como arte – com texto fantástico e emocionantes interpretações, é raridade.

Mas produções com famosos, para quem tem um trabalho mais engajado, na maioria das vezes não passa de diversão pura e simples, além de atrapalhar quem propõe sempre uma reflexão no palco.

Parece um desabafo com recalque, de quem nunca emplacou grandes platéias. Mas não é. O ator e diretor Luiz André Cherubini, que integra o grupo Sobrevento de São Paulo, de teatro adulto com bonecos.

“Teatro não é recreação. A mãe, por exemplo, não pode deixar o filho na peça e ir fazer compras”, reclama.
Ele está no seleto grupo de artistas que conseguem vingar projetos grandes, com patrocinadores VIPs. Até pode ser mais cômodo, menos arriscado do que produzir um espetáculo apostando na bilheteria. Mas também não é, garante o artista que esta em Campo Grande para mais uma apresentação de graça ao público, viabilizada pela Petrobras.

Para André, tais peças “não adiantam para anda”. A justificativa que serve a quem promove essas produções é sempre: interesse do público. Mas André Cherubini contesta. Como diretor também da peça Crianceiras, produzida em Campo Grande, ele diz ter descoberto por aqui um interesse enorme das pessoas pelo “teatro cultural”.

Lembra que um ensaio do espetáculo, na comunidade São Benedito, provocou uma aglomeração de pessoas interessadas na peça com poesias musicadas de Manoel de Barros.

“Aquelas pessoas ali gostariam de ter acesso ao teatro. Isso prova que não falta interesse”, comenta. Uma constatação há muito feita em São Paulo, onde o grupo mantém um teatro longe do circuito cultural. Tem um espaço no Brás, sempre com ingressos a preço simbólico ou gratuitos. Atualmente, tem montadas 15 peças diferentes.

"Teatro não é recreação", lembra diretor de peça adulta com bonecos

Premiado, o representante do Sobrevento elogia os atores de Mato Grosso do Sul e cita 3 nomes: da produtora e atriz Andréia Freire, além de Lú Bigatão e Marcos Moura, que também fazem teatro de bonecos. “Nunca o teatro daqui esteve tão bem, mas ainda precisa avançar muito”, diz.

Bem, hoje e amanhã as apresentações do Sobrevento são de graça, mas isso não significa acesso liberado. Os ingressos são limitados. Aqui na cidade, por exemplo, o projeto bancado pela Petrobras só vai atingir 120 pessoas. Foi escolhido entre 800 propostas no Brasil.

É a primeira parada depois de São Paulo, onde estreou “São Manuel Bueno, Mártir”, história sobre o padre que não acreditava em Deus, mas

As cadeiras da platéia não serão utilizadas. Os presentes vão subir ao palco e assistir de pertinho, em arquibancadas.
O espetáculo é cheio de detalhes cênicos impressionantes. O grupo consegue até mudar a fisionomia dos bonecos de madeira, lembra André. A iluminação é outra riqueza em cena, são 94 movimentos de luz.

Para fechar, a trilha sonora ao vivo tem violoncelo, bandolim e violão, com músicas compostas especialmente para o espetáculo.

"Teatro não é recreação", lembra diretor de peça adulta com bonecos

A história - O texto é dos anos 30, do escritor e filósofo espanhol Miguel de Unamuno. Fala da fé na vida, no ser humano. É justamente por não acreditar em Deus, mas ter fé nas pessoas, que o padre se transforma em santo.

A peça “São Manuel Bueno, Mártir” terá duas sessões neste final de semana em Campo Grande, sábado (6) e domingo (7), sempre às 20h. Os ingressos devem ser retirados uma hora antes, de graça, na bilheteira do Teatro Glauce Rocha

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