Acervo da colônia de Dourados agora é memória do mundo
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) concedeu registro de “Memória do Mundo” ao acervo de documentos da Cand (Colônia Agrícola Nacional de Dourados). A solenidade aconteceu nesta quarta-feira (4), na sede do Arquivo Nacional, no centro do Rio de Janeiro. Outras 12 instituições brasileiras receberam o título.
O acervo reúne documentos de 17 anos, de 1943 até 1960. São registros administrativos que ajudam a contar a história da colônia implantada no sul do Estado durante o governo do então presidente Getúlio Vargas.
Era uma espécie de assentamento, em uma região pouco desenvolvida, quase desabitada. Surgiu de um plano federal para o desenvolvimento do país e ocupação do território nacional.
“Veio imigrantes de todo o país para tomar conta dessas terras. A partir daí surgiram vários municípios de Mato Grosso do Sul”, explicou a coordenadora do Arquivo Público Estadual, Lira Dequech.
Com a colonização dos novos municípios o povoado desapareceu. Os arquivos da comunidade foram cedidos à Fundação de Cultura do Estado, onde estão guardados hoje.
São aproximadamente 33 caixas que reúnem mais de 5 mil documentos administrativos. “Tem termos de posse das colônias, da logística, da escola que foi implantada na época. São documentos da administração, muitos ofícios, papéis da contabilidade”, disse.
O acervo foi catalogado e inscrito este ano no edital lançado pela organização. “A Unesco entendeu que era importante para Mato Grosso do Sul, para a história do nosso Estado”, afirmou. O registro, acrescentou, pode abrir portas para a busca de recursos e patrocínios.
Certificado e programa - O certificado concedido pela Unesco agrega valor ao acervo, que vai para o Arquivo Público do Brasil. O objetivo da ação é valorizar e difundir o patrimônio documental do país e sensibilizar o poder público para implementação de políticas de preservação e acesso à documentação.
A entidade reconhece, por meio do programa Memória do Mundo, patrimônios documentais de significância internacional, regional e nacional.
Junto com a Colônia Agrícola Nacional foram nominados os seguintes documentos: Arquivo Herbert de Souza (1952-2003), do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil - Fundação Getúlio Vargas, Atlas e Mapa do Cartógrafo Miguel Antônio Ciera (1758), da Fundação Biblioteca Nacional, Coleção Carlos Gomes do Museu Imperial (1855-1942), do Museu Imperial de Petrópolis, Coleção de Livros do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia (1543-1818), do Mosteiro de São Bento da Bahia, Fundo Câmara Municipal de Ouro Preto (1711-1889), do Arquivo Público Mineiro, Livros dos Bens Livres Pertencentes aos Jesuítas, dos Colégios de Olinda e Recife, Pernambuco (1765-1768), do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, Mapa Etno-Histórico do Brazil e Regiões Adjacentes. Por Curt Nimuendajú (1943),do Museu Paraense Emílio Goeldi, Negativos de Vidro do Fundo Instituto Oswaldo Cruz - IOC (1903-1946), da Fundação Oswaldo Cruz e Processos Trabalhistas: Dissídios Coletivos e Individuais (1941-1985), do Memorial da Justiça do Trabalho em Pernambuco.
A partir de 26 de fevereiro de 2013, todos os acervos brasileiros incluídos no programa estarão expostos na sede do Arquivo Nacional, na Praça da República, 173, no centro do Rio. A mostra, que ficará em cartaz até o final de maio, vai comemorar os 20 anos do programa.
Os registros da Cand estão passando pelo processo de digitalização, mas já podem ser consultados no Arquivo Público do Estado.
Serviço - O órgão fica no Memorial da Cultura e da Cidadania, na avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, região central de Campo Grande.
Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (67) 3316-9139 ou (67) 3316-9167.