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Artes

Do caderno para as garrafas, ela passou a fazer poesia para embriagar

Paula Maciulevicius | 30/07/2014 14:40
Aos 23 anos, Thaynara resolveu unir as palavras ao vidro das garrafas para vender a ideia de "Beba poesia, fique poetizado". (Fotos: Marcelo Calazans)
Aos 23 anos, Thaynara resolveu unir as palavras ao vidro das garrafas para vender a ideia de "Beba poesia, fique poetizado". (Fotos: Marcelo Calazans)

Aos 13 anos Thaynara Rocha Lima despontou para a poesia. Aos 23, resolveu unir as palavras ao vidro das garrafas para vender a ideia de "Beba poesia, fique poetizado" como forma de divulgar a arte que criou a partir das frases.

A ideia é recente e veio para eternizar e multiplicar os versos. Quando voltava de um churrasco de família, em maio, ouviu da avó que o montante de vidro ia para o lixo. "Não, não, eu disse. Na hora eu nem tinha ideia do que fazer, mas tinha que reciclar ela", explica. Em casa, a inspiração chegou no dia seguinte, logo começaram as colagens.

"Pego a garrafa, lavo e às vezes colo poesia inteira, com papel mesmo. Outras vezes colo pedaços de revista, de jornal, uso barbante, também tecido, lantejoulas..." Assim como nas frases, a criatividade também influencia nos materiais.

As garrafas, de long neck e 600 ml são vendidas por R$ 10 e R$ 20 respectivamente e vem acompanhadas de uma rosa. Trabalho de artesanato no vidro e nas palavras. "Muitas pessoas que converso falam que sentem vergonha de mostrar o que escrevem. Eu nunca tive, como vou ter vergonha de mostrar esta forma de expressão tão íntima, mas tão linda porque possui um pouco do que cada pessoa deixou quando passou por mim", descreve Thaynara.

As garrafas ganham customização de jornal, revista, lantejoulas.
As garrafas ganham customização de jornal, revista, lantejoulas.

Sem nada dentro, mas com poesias ao redor, ela usa o sentido figurativo para embriagar os leitores. "Tanta gente bebe e fica embriagada, como pego as garrafas vazias, encho de poesia. Esse é o lema da produção", justifica.

Paralela à venda das poesias engarrafadas, ela passou parte dos versos do caderninho verde, que guarda há uma década, para a página Toda Poesia, no Facebook.

Hoje acadêmica de Direito, desde criança Thaynara se define como muito pensativa. O que os olhos viam, o coração gravava e a mente transformava em letras. "O que mais me inspirava era a natureza, ia praticamente todo o final de semana para a chácara do meu pai. Depois de um tempo, amadureci mais um pouco, pensei mais. Aquilo era inspiração e eu não passava para o papel", recorda. O "estopim", como ela mesmo coloca, foi aos 13 anos, depois da leitura do "Romanceiro da Inconfidência" de Cecília Meireles.

Sem nada dentro, mas com poesias ao redor, ela usa o sentido figurativo para embriagar os leitores.
Sem nada dentro, mas com poesias ao redor, ela usa o sentido figurativo para embriagar os leitores.

O ritmo de produção agora precisa atender as demandas dos amigos e de quem vê a arte pelas redes sociais, mas não obedece a uma frequência certa. Quem mexe e vive das palavras não cumpre expediente. Escreve quando a inspiração surge. "É incerto. Hoje eu posso me inspirar numa história, pessoa, olhar e escrever", tenta explicar a jovem. 

Thaynara já passou pelo curso de Letras, mas achou massante. Preferiu ficar no Direito por acreditar vivenciar uma adrenalina nos estudos. 

As encomendas geralmente são pela garrafa, não por uma poesia específica. Cada produção tem um processo de ideias. "Nessa garrafa tem olhares, pessoas, isso também me inspira". Para quem quiser se embebedar, o contato da Thaynara é pelo Facebook, na Fan Page "Toda Poesia" e pelo perfil pessoal mesmo, Thaynara Rocha Lima. E a jovem está aberta também a quem quiser ajudá-la na doação de garrafas de vidro, principalmente de 600ml, da marca Heineken.

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