A história da égua Paola, o sustento de um aposentado de Campo Grande
A denúncia de maus tratos a um cavalo acabou revelando o amor de um carroceiro pelos animais, em Campo Grande. O mal entendido desvendou uma história de luta e companheirismo entre o aposentado Pedro Raimundo, 76 anos, e a égua Paola, de 15 anos.
A redação do Campo Grande News recebeu a denúncia de que estava amarrado, na rua 13 de junho, próximo à avenida Rachid Neder. No endereço, uma égua bem cuidada, pastava no mato que restou da calçada.
O dono do animal, o carroceiro Pedro, ficou surpreso ao ser questionado e achou graça de suspeitarem que ele maltratava o bicho. Simpático, explicou que o que parecia ser uma injustiça, na verdade era um bornal, uma espécie de saco onde se coloca o milho para o cavalo.
“Se a gente jogar no chão, os pombos comem e muitas vezes nem o cavalo come, e acaba ficando lá no chão”, contou Pedro.
Juntos há 12 anos, Paola e o carroceiro conseguem manter o sustento da família de Pedro. “Ela me ajuda a viver. Eu jamais faria algum mal pra ela. Não maltrato, eu preciso dela e gosto muito de animais”, conta.
Aposentado por invalidez, depois de cair em uma obra onde trabalhava como armador de construção, Pedro ganha a vida recolhendo lixo reciclável e vendendo peças de carro nos ferros velhos.
“Eu cai e desviei a coluna. Terei que fazer uma cirurgia, mas não fiz. O médico disse que se eu caísse sentado e batesse forte a coluna não poderia mais andar”, lembra.
“Acho até bom ela estar por aqui. Ela come a grama e mantém o jardim limpo”, contou a moradora Vanessa Taveira, 36 anos, que acompanha de casa a vida de Paola.
A amizade que nasceu, se depender de Pedro, não vai acabar. "Ela é minha companheira. Eu até entendo que achou que eu estava mal tratando. Essa estopa parece que eu estou fazendo mal pra ela, mas nem pensar nisso".