Adotada com 12 dias de vida, francesa quer descobrir mãe biológica em Naviraí
No Facebook, Anne faz questão de colocar a cidade de Naviraí como o local de seu nascimento. Mas, no interior de Mato Grosso do Sul, ela passou exatos 12 dias de vida, dos quais nem sequer sabe direito como foram. O português é incompreensível e tudo tem que ser comunicado em francês ou, no máximo, inglês. Por isso, o caminho para encontrar a mãe biológica tem se tornado ainda mais doloroso e difícil.
“Eu sei que minha mãe era uma mulher que trabalhava na organização de uma família francesa. Brigitte Bouvet e Sergai, seu marido, são pessoas que conseguiram auxiliar o lado administrativo da minha adoção. Além disso, tenho o nome da minha mãe biológica, Maria Aparecida Alves Soares”, afirma.
Anne Alias Manoune, 28 anos, foi adotada ainda bebê por um casal francês. Tudo que conhece do seu passado é que sua mãe biológica não tinha condições financeiras de criá-la. Mãe de mais três filhas, uma delas doente, ela precisou de ajuda financeira até para as roupas das irmãs da jovem. Sem condições e com a oportunidade de oferecer uma trajetória melhor para a menina, ela a entregou para a adoção.
“Eu sei o nome e o endereço do médico e ele está me ajudando a investigar o meu nascimento. Eu enviei o e-mail com o nome do médico que minha mãe deu à luz Eu sei que a clínica onde eu nasci em Naviraí foi fechada, mas eu tenho o nome de quem estava no comando da clínica”, explica.
Anne nasceu no dia 8 de junho de 1988, às 23h25, na Clínica São Thomaz de Aquino, em Naviraí. De lá foi levada para a França e atualmente mora em Paris, onde tem uma filhinha de seis anos.
Para ela, descobrir o paradeiro da mãe vai muito além de uma simples curiosidade. Parte da sua história mais profunda, ela espera encontrar na genitora a resposta que procura para construir uma vida melhor.
“Eu sei que minha história é diferente, que minha mãe não tinha condições de me criar. Eu sei também que ela teve dificuldade de me deixar. Quero lhe dizer que eu a perdoo e que eu preciso conhecê-la. Saber com quem eu pareço, conhecer minhas irmãs”, pede Anne.
Na história de Anne, a adoção sempre foi uma realidade. O que antes parecia resolvido se tornou uma emergência quando ela conheceu de perto a maternidade.
“Quero saber como ela vai, como ela vive, se ela pensa em mim, se ela me esqueceu, se ela quer falar comigo e me ver. Eu preciso dela para me reconstruir, este abandono me impede de construir uma vida sentimental estável com um homem. Eu estou cansada de procurar afeição enquanto é minha mãe que deve me dá-la, isso que ela não pode. Quero dizer que não é tarde demais para se amar”, diz, emocionada.
Do outro lado do Atlântico, tudo que ela quer é redescobrir o caminho para a terra onde ela nasceu. Com a ajuda de um médico que trabalhou na clínica na época e até se ofereceu para acompanhá-la na busca, Anne pretende ir até o fim pela verdade. “Eu fiquei machucada pelo abandono, mas que é ela mesmo que pode me ajudar a fechar esse machucado. Eu sou mãe de uma menininha de seis anos e sou separada do pai. Eu não quero que a história se repita nas gerações que virão”, acredita.
Anne é só elogios para quem a criou. Não reclama da realidade que recebeu e diz que recebe apoio da mãe para encontrar a genitora. “Minha mãe está de acordo para que eu achasse minha mãe biológica. Ela me ajudou com as informações que ela sabe Eu sempre soube que eu fui adotada. Ela diz que minha mãe merece me reencontrar e que ela lhe fez um presente precioso me dando ela”, explica.
Quem tiver informações sobre o paradeiro da mãe biológica de Anne, entre em contato pelo Facebook.
* Nossos agradecimentos a professora Soniá Stransky, que auxiliou na tradução.