Após pedido no Facebook, noivo viaja com vestido para fazer surpresa no deserto
"Amor, vem casar comigo?"
Desde a semana passada os atores Angela e Vitor protagonizam uma história digna de novela. Conhecidos há seis anos e namorados desde o início de dezembro de 2015, ela pediu ele em casamento pelo Facebook. Depois de promovido a noivo, Vitor não pensou duas vezes e segue viagem até o mochilão pela América do Sul percorrido pela noiva. Na bagagem, alianças e o vestido para que juntos digam sim um ao outro no deserto do sal, na Bolívia.
Ela tem 24, ele 31. Ambos são atores, professores de teatro e após saírem de relacionamentos anteriores, se encontraram pelo caminho. "Recebi flores dele uma semana antes do meu aniversário, dia 14 de novembro. Eu estava tentando fugir, não queria namorar", conta Angela Montealvão.
Na semana seguinte e na próxima, as rosas continuaram chegando à casa da mãe dela. "Fui cedendo e começamos a namorar. Eu parei de fugir dele e no dia 4 de dezembro, assumimos publicamente o relacionamento", conta ela.
Todas as circunstâncias agiam contra o namoro. "Mas foi inevitável, a gente precisou ficar junto. O amor falou mais alto. Era pouco tempo, mas muito intenso. Um namoro tão sublime que você percebe que é uma coisa especial e não precisa de tempo", tenta explicar.
Desde agosto que Angela vinha programando a viagem para o início do ano junto de um amigo de infância. Não estava nos planos conhecer alguém e muito menos dizer sim.
"No meio de tudo isso, de mochilas cheias, me aparece esse amor que me tirou o chão e ao mesmo tempo me deu asas", traduz. No caminho, Angela sentiu mais que saudades, percebeu, pela distância, que estava longe do grande amor de sua vida. "Comecei a sofrer muito, não estava nem curtindo os lugares e a partir do momento que a gente ficou, tive a certeza que um queria o outro pelo resto da vida", fala.
Casar já estava nos planos e numa ligação de lá para cá, ela reforçou a ideia. "Eu disse vem ser meu, deixa eu ser sua. Vamos nos casar aqui". De imediato, o outro lado fez silêncio. "Ele falou que ia planejar, mas não me deu resposta. No outro dia falou com a minha mãe e o meu padrasto".
A entrevista é feita por WhatsApp. Enquanto ela capta sinal de wi-fi pela viagem. "Apesar de toda loucura da nossa história, o pedido é sim, de verdade", frisa.
Aqui, Vitor foi até a casa da sogra na sexta-feira passada com a desculpa de tomar um café. Chegando lá, disse que a namorada reclamava de saudades e que ela queria voltar de qualquer forma. A mãe, Maria Aparecida, suplicou a ele que não a deixasse voltar sozinha.
"Eu falei que iria buscá-la e traze-la para cá, mas que antes, a gente ia casar", narra Vitor Samúdio. Depois de recuperado o susto, na manhã seguinte, Maria Aparecida já foi atrás de tecido para costurar o vestido de noiva da filha. "Esse povo é louco, mas fiquei até feliz. As pessoas que têm medo de serem felizes é que são loucas", conclui a aposentada Maria Aparecida de Souza Rodrigues, de 57 anos.
Em dois dias o vestido estava costurado e pronto, sapatos comprados e grinalda e buquê feitos. Tudo encaixotado, lacrado e ainda advertindo ao noivo que ele não pode abrir. "Tudo na vida é assim, nada existe sem amor", completa a mãe.
Samudio teve de agilizar a renovação do RG, arrumar uma mochila e comprar as alianças, no chute. Sem saber ao certo o tamanho do dedo da amada. "E é legal que para quem a gente conta a história, adora", diz. No caminho rumo ao altar ele teve de explicar muitas vezes porque a pressa de tantas coisas.
"E pode parecer maluquice, mas todo mundo já quis fazer loucuras por amor e nada mais justo do que sermos loucos nesse mundo", resume. Ele embarcou na noite de ontem, de ônibus para Corumbá e de lá adentra à Bolívia. Serão mais de 2 mil quilômetros está Potosí, cidade onde eles se encontram para seguirem rumo ao Salar de Uyuni, maior planície de sal do mundo, para trocarem os votos no final de semana.
A escolha do lugar também tem um motivo especial e quem conta é a noiva. "Lá formam pequenos espelhos, onde parece que o céu está no chão e o chão no céu. Eles se confundem, não tem essa dimensão da separação de uma coisa e outra e achamos que seria o lugar propício, porque quando estamos um com o outro, nos sentimos suspensos, não sentimos o chão, só o verdadeiro céu", descreve Angela.
A história tem mais um capítulo, o do casamento, que será em breve relatado aqui no Lado B.