Após se casar por anúncio, agora filhos buscam namorado para mãe no Facebook
"Esta página tem por finalidade conseguir um namorado para minha mãe, que seja honesto, trabalhador e de bom nível social". São estes os critérios impostos pelos filhos para os pretendentes de Iene Medeiros Yamada, de 45 anos. Os meninos de 11 e 13 anos criaram a página no Facebook "Um namorado para minha mãe" em junho deste ano.
Com fotos de Iene e uma breve descrição da mãe, o que os pequenos querem é que ela seja feliz. "Está página foi criada por mim e meu irmão. Agora vou contar a história de nossa família: em novembro de 2009, meu pai faleceu e a partir desta data minha mãe está nos educando e cuidando, agora fazendo o papel de mãe e pai. E diante de todas as dificuldades da minha mãe, criei essa página na esperança de conseguir um namorado para ela, pois vejo ela sozinha e ela tem que estar feliz, para que nós também possamos ficar felizes", explica o mais velho, Horii Yamada.
O filho continua, compartilhando ainda que a mãe não é exigente, que só quer um homem honesto trabalhador, de bom nível social e boas condições de vida. "Então é isso, se você estiver lendo, compartilhe para que a minha mãe possa conseguir um cara legal para ela e para nós", pede Horii.
A criação foi surpresa para a mãe. Professora e viúva, Iene contou ao Lado B que os filhos são loucos para que ela arrume um namorado. "Não foi da minha cabeça, eles que queriam. Sou tímida para sair e eles querem que eu vá para a balada, dizem que eu tenho que curtir", descreve.
A iniciativa, a mãe sugere ter partido de uma reportagem anunciada na televisão. "Acho que ele viu um programa e ficou com aquilo na cabeça. Eu vi que ele ficou quieto e de repente me pediu uma foto. Só me mostrou depois de pronta, eu achei legal", explica Iene.
Os filhos saíram pedindo para que os amigos compartilhassem, o que surtiu efeito imediato. "Eles me ligaram na hora, pessoal comentou que achou bacana". Na publicação, Horii pede que os interessados mandem os dados com foto por e-mail, colocam o da mãe, a parte deles acaba ali, é ela quem deve dar o veredito.
"Ainda não tive resposta, mas acho que é porque só está entre amigos", justifica. Até o fechamento desta matéria, a página continha 57 curtidas.
E para os que levantam a bandeira de exposição, Iene comprova que se autopromover foi o que lhe rendeu o primeiro casamento. Em 1999, ela colocou o seguinte anúncio nos classificados do jornal: "moça solteira, 29, deseja conhecer japonês ou mestiços para futuro compromisso" e abaixo o telefone. A ideia foi dada pelo patrão que sabia da preferência da jovem.
"Eu era muito invocada com japonês, só me servia japonês. Por que? Eu admiro a cultura, inteligência, sou louca por criança japonesa, mesticinho", brinca. As ligações chegaram aos montes a ponto de Iene ter de fazer até um caderno com nomes e profissões. "Eu já tinha procurado até agência de matrimônio, surgia brasileiro e eu não queria", completa.
Foram dois anúncios, o primeiro deles lhe rendeu um namoro de 9 meses, mas que segundo a professora, chegou ao fim quando a família do pretendente não aceitou o fato de ela ser brasileira. "Mas eu não desisti, coloquei novamente e conheci meu marido".
O homem era 25 anos mais velho que Iene que à época tinha 29. "Nos conhecemos em março de 99, em maio eu fui morar com ele, em 2000 nos casamos no papel", narra. Da união, nasceram os dois filhos. "Ficamos casados até 2009, quando ele veio a falecer", o marido teve um infarto fulminante.
Há três anos, Iene saiu de Itaporã, cidade onde morava o marido para que os filhos viessem estudar. "Não foi fácil criar dois filhos pequenos, o mais novo tinha 6 anos. Eles sentem falta do pai, se emocionam nas coisas que vão fazer", conta.
Hoje a professora já não restringe tanto. "Já pode ser brasileiro", brinca. A dificuldade em arrumar um relacionamento sério é vista no dia a dia. "Eles não querem compromisso não. Meu único critério é que goste primeiro dos meus filhos, para depois gostar de mim. Eu penso assim".