Campo-grandenses até gostam de ciclovia, mas não ficam sem carro "nem a pau"
Campo Grande tem aproximadamente 90 quilômetros de ciclovia, mas, mesmo assim, pouca gente tem disposição para sair às ruas sob duas rodas. Não foi à toa que, nesta segunda-feira (22), Dia Mundial Sem Carro, um grupo de ciclistas decidiu colocar melancias na cabeça para chamar a atenção dos motoristas no Centro. Se deu certo, só o tempo vai dizer.
A verdade é que, na Capital, o hábito de pedalar ainda não “pegou”. Não como em outras cidades do País. É o que dizem os moradores. “A turma não se adaptou”, afirma o aposentado Aparecido Pereira.
Na opinião dele, as pessoas não vão deixar o carro em casa tão cedo porque se acostumaram à comodidade, mesmo enfrentando engarrafamentos nos horários de pico, situação que, infelizmente, já faz parte da rotina dos campo-grandensses.
Um bom exemplo desse condutor acomodado, e que representa muitos outros, é o esposo da dona de casa Noeli Luzia Vieira Maciel, de 34 anos. “Ele só anda de carro. Só para jogar bola é que sai a pé. É um vício”, conta a mulher.
O trabalhador rural Ancelino Gonçalves, de 52 anos, tem outra explicação: “É preguiça mesmo”, dispara. Ele dirige uma vez por semana, para ir à fazenda onde trabalha, a 40 quilômetros de Campo Grande, não abre mão do veículo na cidade, e se encaixa na própria definição.
Ancelino apoia iniciativas como a do grupo que que colocou melancias na cabeça hoje cedo. Acha legal e “muito importante”, mas diz que não deixaria o veículo em casa para trabalhar pedalando. “É muito longe. Não aguento”.
Mas não precisa sai por aí, bancando o ciclista de maratona de uma hora para outra. É só ir devagar, no próprio rítmo. Quem sugere o “método” é o aposentado Jair França dos Santos, de 57 anos. Ele não dirige e anda mais de ônibus.
“É muito difícil largar o carro porque é um meio de transporte rápido e as pessoas já estão acostumados”, declara.
O ideal, para estimular esse novo comportamento, seria o poder público estabelecer rodízios para circulação de veículos, como acontece no Estado de São Paulo, avalia. “Poderia começar toda segunda”, diz.