Ela mora no RJ, mas espalha aos quatro ventos que é louca por Mato Grosso do Sul
Campo-grandense, apaixonada por Mato Grosso do Sul, Mariana de Barros Oliveira, de 35 anos, só percebeu que a terra que havia nascido não era tão conhecida quando deixou Mato Grosso do Sul para morar no Rio de Janeiro, em 2008. À época, a advogada estava “em busca de algo que amasse”, mas não sabia direito o que queria como carreira. Acabou descobrindo e hoje trabalha com marketing digital.
Foi na Capital Fluminense, onde mora até hoje, que Mariana percebeu o desconhecimento acerca do Estado que tinha saído. A principal confusão girava em torno da localização geográfica, o que continua a acontecer até hoje.
Inconformada, a sul-mato-grossense resolveu criar uma página no Facebook, a “Mato Grosso do Sul, por favor”, que já tem mais de 27,5 mil seguidores. Em seguida veio a “I Love MS”, que hoje soma quase 3 mil assinaturas na rede social.
Em ambas são divulgadas as “coisas boas” de MS, curiosidades da região, gastronomia, aspectos culturais e dicas para quem pretende conhecer o Estado. O destaque, no entanto, vai para os erros cometidos pelos meios de comunicação de todo país, que acabam trocando MS por MT.
“Por muitas vezes, discuti e até dei aulas de geografia para as pessoas. Inicialmente, minhas reclamações, nas mídias socias, eram postadas no meu próprio perfil e em sua maioria referiam-se a divulgações errôneas feitas pela imprensa nacional”, disse.
As “mancadas” ganharam um álbum exclusivo e o apoio dos seguidores que enviam registros de erros cometidos na internet, na TV, em jornal impresso e por aí vai. O esforço tem mostrado resultados.
Citados nas publicações, muitos dos veículos, após apelos de internautas, se vêem na obrigação de pedirem desculpas, mesmo que por um comentário, como foi o caso do Jornal do Brasil, que publicou uma matéria dizendo que o Príncipe Harry, da Inglaterra, estava no “Pantanal Mato-Grossense”.
Depois da “cobrança”, das ligações à redação, a chefia, utilizando o perfil do jornal, se retratou. Vitória para quem vive batalhando, divulgando e tentando tornar MS mais conhecido. “O erro eu não conto como negativo para o Estado. Conto como forma de protesto”, explica.
Apesar das “campanhas”, Mariana afirma que o número de reclamações tem aumentado. Só em fevereiro, por exemplo, foram três erros. O motivo? “Desinteresse mesmo. [...] Posso falar cem vezes para uma pessoa que sou do Mato Grosso do Sul, mas ela sempre vai falar Mato Grosso. Não sei explicar o porquê”, arriscou.
A parte boa - Mas não é só pelo aspecto “negativo” que a administradora das páginas faz a “propaganda” de MS. Há iniciativas que tem agradado muita gente, como o álbum “giro do tereré no Brasil e no mundo”, um espaço destinado a fotos de internautas consumindo a bebida típica. Os registros atravessam a fronteira.
Outro destaque é o “Pórticos de MS”, álbum coletivo que tem o intuito de catalogar os monumentos que marcam as divisas dos 79 municípios. Fotos da fauna e flora e das manifestações culturais também ganham espaço.
Fora as páginas na rede social, Mariana mantém, ainda, um blog. No espaço, divulga os eventos regionais, notícias sobre a região e receitas de comidas típicas, como o peixe pantaneiro e até o arroz boliviano, que conquistou os amigos da fronteira.
Com o sucesso e aceitação dos projetos, a analista de mídias sociais também resolveu criar uma loja virtual, um “f-commerce”, comércio pelo Facebook, onde vende produtos relacionados à cultural local, desde adesivos às camisas personalizadas.
Contrariando as expectativas, o maior público é “de fora”, do interior de São Paulo, Sul do Brasil e até do Mato Grosso. “Há vários Sul-Mato-Grossenses saudosos espalhados pelo Brasil e pelo mundo, apaixonados por essa terra e que gostariam de ter algo que lembrasse sua origem”, afirmou.
A confecção de produtos, na opinião dela, ajuda a divulgar o Estado e o país. Não é só uma marca, “é a identidade e a cultura de um povo”.
Mariana garante que faz tudo por amor e que o lucro que tem acaba rendendo, no máximo, uns mimos para a cadelinha de estimação. Apesar da paixão, a Sul-Mato-Grossense, que hoje mora no Rio de Janeiro, ainda não sabe se quer voltar a morar no Estado. “Você cria relações de amizades, tenho uma casa... Amo o que faço, falar de MS. Caso cresce a ponta de voltar, eu volto, sem problemas, mas não gosto de criar muita expectativa. Pode não crescer o tanto que eu gostaria”, declarou.