Empresária coloca macas no quintal e Aero Rancho vira ponto de bronzeamento
A promessa é de um bronzeamento natural, com marcas perfeitas e até “tatuagens”. O bronzamento artificial já era. Agora a cor vem com a luz do sol, mas ao invés de usar biquíni, as roupas de banho são feitas com esparadrapo. Mas o inusitado mesmo é o ambiente, em pleno quintal na periferia de Campo Grande.
A clínica “Viva Bronze” na rua Jorge Paulo Bastos Lima, 109, no bairro Aero Rancho, é apenas uma das que oferecem esse tipo de serviço na cidade. Filtro solar passa longe, mas segundo a proprietária Luciana Faria, de 41 anos, a técnica é utilizada há seis anos "sem risco de queimadura".
Ela é super conhecida na região pelo bronzeamento coletivo. As mulheres ficam em macas, com o rosto protegido do sol e besuntadas com um produto vendido em casas de estética. "Funciona como um acelerador, ou seja, é um bronzeador", explica.
O lugar é concorrido, por dia são atendidas até 30 clientes. Se alguém chegasse de surpresa, sem saber de nada, com certeza se espantaria com a cena da mulherada espalhada pelo quintal. Mas o ambiente é totalmente feminino.
A cliente poderia até fazer o mesmo em casa, mas Luciana jura que existe diferença graças a experiência. “Com esparadrapo ele marca certo, o biquíni não para no lugar e a marca não fica tão evidente”.
Cada sessão custa R$ 60,00 e dura uma hora e vinte minutos. O resultado depende de cada pele. Mas Luciana afirma que já no primeiro dia é possível sair com alguma “marquinha”.
Para não agredir a pele e evitar queimaduras, Luciana também explica que a exposição ao sol é feita nos horários recomendados pelos especialistas, das 7 às 10 horas e das 16 às 18 horas.
O sistema parece bem peculiar. No lugar daquelas maquinas, onde a mulher entra e pronto, no quintal da clínica do Aero Rancho a cena lembra as tardes com as amigas. Há funcionárias que durante a sessão, a cada 5 minutos, passam borrifando água sobre as clientes para hidratar pele.
A assistente social Marcela Sol, de 23 anos, morava no Rio de Janeiro, e de volta à capital, o bronze fez falta. “Eu ainda moro em apartamento e sou muito branca e gosto de parecer "coradinha"”, explica.
Quem tem medo da prática, a proprietária defende: “Se criou uma lenda de que o bronzemanento é perigoso, mas é o risco que alguém vai para a praia tomar sol”.
Para "sensualizar" algumas fazem até tatuagens com o bronze. É escolhido um adesivo, com diferentes desenhos, como estrelas, pimenta e até o coelhinho da Playboy. Aí, é só colar na parte do corpo desejada e esperar ficar marca branquinha. Cada tatuagem custa R$ 5,00.
A dermatologista Ana Paula Azuaga recomenda mesmo o uso de filtro solar, mas para quem não abre mão do bronzeamento, ela adverte que o processo deve ser feito de maneira gradual e sempre com proteção, já que nos primeiros dias o sol pode irritar a pele.
O conselho é ter paciência, com poucos minutos ao dia. A médica ensina que a ação dos raios no estímulo da melanina só ocorre 48 horas depois da primeira exposição. “É preciso ter cuidado e não exagerar. É preciso se proteger do câncer de pele”, alerta.