Ensaio mostra tormento de quem sofre com a ansiedade e a depressão
A ideia surgiu da própria experiência desde o diagnóstico na adolescência. "Eu tenho ansiedade e a depressão. E a gente sempre escuta coisas que banalizam esses momentos na nossa vida", conta a designer gráfica Juliana Ribas, de 20 anos.
No projeto “Íntimo – Um olhar sobre a depressão e ansiedade”, as fotografias revelam momentos sensíveis que tentam traduzir o que se passa na cabeça de quem sofre.
Cansada de ouvir que a depressão era frescura, Juliana usa a fotografia para mostrar que a doença merece atenção para os cuidados e tratamentos. "As pessoas têm a ideia de que é algo para chamar atenção, mas não é. Tenho e trato a depressão desde os 15 anos e só quem tem pode mensurar o quanto é difícil", explica a fotógrafa.
A presença da solidão surge entre os primeiros sintomas. "Eu me isolava de pessoas que eu amava, como os meus amigos, via o mundo sem cores, não via graça em fazer nada. Muitas vezes ficava sozinha por dias e não tinha vontade nem de levantar da cama", descreve.
Graças aos estudos e a terapia, Juliana diz que o mundo passou a ganhar cores. "Minha vida melhorou muito. Hoje convivo com os problemas, mas consigo lidar de uma maneira muito melhor. Antes, quando unia com a ansiedade, não conseguia fazer as atividades direito", diz.
Com o projeto fotográfico, ela também mudou a maneira de ver a doença. "O projeto iniciou em julho do ano passado, sempre tive muito amor pela fotografia e ali eu queria passar uma imagem real, para quem não entende como esses sentimentos funcionam. Fugir um pouco do teórico e com o olhar, apenas sentir", conta.
Quem topou participar do projeto foram amigos e conhecidos de Juliana que também enfrentam a depressão e ansiedade. No momento do ensaio, todos ficaram livres para se expor da maneira como se viam diante da doença. "É um nova perspectiva e consigo olhar as pessoas de uma maneira diferente", acredita.
Aos 20 anos, Amanda Minervini, foi uma das amigas que abriu o coração enquanto Juliana retratava os momentos de angústia e ansiedade. "Tive a depressão por um período e hoje tenho ansiedade. Topei fazer as fotos por acreditar que muita gente não tem dimensão do que é o problema e o quanto isso reflete na vida da gente".
Durante o ensaio, Amanda ficou livre para sentir. "Tentei mostrar que eu sentia de maneira natural. Quando tenho crises de ansiedade, me dá bolhas e coço as mãos. É uma agonia interna, numa fase forte da ansiedade. É um momento que a gente sempre acha que tudo vai dar errado", diz.
E foi apenas com o tratamento, que a estudante enxergou o próprio mundo de maneira diferente. "Busquei ajuda para não ficar pensando que pode acontecer o pior. Quando a gente tem o problema as vezes nem percebe o que é, mas vai descobrindo aos poucos, ao ter medo de tudo, até de procurar emprego e estar próximos as pessoas. É um desespero sozinho, mas que precisa ser tratado", acredita.