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Comportamento

Menina dispensa buffet e comemora aniversário com crianças do lixão

Elverson Cardozo | 29/10/2014 06:41
Parabéns não foi em uma salão chique, para teve a mesma alegria. (Foto: Arquivo Pessoal)
Parabéns não foi em uma salão chique, para teve a mesma alegria. (Foto: Arquivo Pessoal)

Alana, uma garotinha que mora na Vila Nasser, em Campo Grande, deu uma lição de humildade, amizade e solidariedade neste final de semana. No sábado (25), decidiu comemorar o aniversário de 6 anos junto às crianças que vivem na favela Cidade de Deus, no bairro Dom Antônio Barbosa, região do lixão.

Os pais da menina, a bióloga Gisseli Giraldelli, 33, e o microempresário Nei Santos, 38, bem que tentaram convencer ela do contrário, porque, no local, seria difícil controlar o acesso. Mas Alana bateu o pé e, neste ano, dispensou o buffet que marcou a comemoração do ano passado.

“Ela chegou para mim e para o pai dela e disse: Já tive festa com meus amigos da escola, da natação e agora quero com meus amigos da evangelização porque eles não tem aniversário”, conta a bióloga. “Ficamos receosos porque todos os eventos lá são muito trabalhosos e é muito difícil você restringir a entrada. Brota criança”, completa.

O linguajar da menina remete à religião e tem mesmo essa ligação. Alana fez amizades no bairro depois que Gisselli e Nei passaram a visitar a região regularmente como voluntários de um projeto mantido por um grupo espírita da qual fazem parte.

Há quase dois anos, o casal, acompanhado dos filhos, Alana e Vitor, de 2 anos, e de pelo menos 30 pessoas, visitam a favela para evangelizar e prestar assistência social às famílias mais carentes. Com sempre foi junto, a menina fez amigos e, por isso, desta vez, quis celebrar a nova idade com a galera do Dom Antônio.

Alana com os amigos do Dom Antônio. (Foto: Arquivo Pessoal)
Alana com os amigos do Dom Antônio. (Foto: Arquivo Pessoal)

E o presente? Ela aceitou trocar por ajuda na festa, diz a mãe. “Convidamos nossos amigos e, ao invés deles levarem presentes, doaram material: bolo, cachorro-quente, refrigerante. Eles também trabalharam, ajudaram a servir e a organizar tudo. Mobilizamos mais de 100 voluntários”, relata.

Deu tudo certo. O aniversário, que aconteceu na sede de uma instituição que está sendo construída pelo grupo, começou às 14h30 e só terminou às 17h. Reuniu, segundo a bióloga, cerca de 520 pessoas do bairro, fora os convidados de Alana que, em 2013, cantaram parabéns no salão.

Foi uma festa linda, com direito a pipoca, cachorro-quente, salgadinho, refrigerante, bolo, brigadeiro, beijinho, algodão doce, picolé e muita, mas muita brincadeira, relata a mãe. “Teve pula-pula, brinquedos infláveis, piscina de bolinha, escorregador..."

A aniversariante se divertiu à beça com os amigos. Se pendurou na árvore, brincou na areia e se sujou como qualquer criança. Voltou para casa realizada. “Ela achou o máximo. Falou: 'Mãe, minha festa está massa'. Ela brincou o tempo todo e ganhou até presente. Um menino da comunidade, um pequenininho de 6 anos, chegou e entregou um para ela”, diz.

Festa reuniu mais de 500 pessoas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Festa reuniu mais de 500 pessoas. (Foto: Arquivo Pessoal)

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