Menino troca super-herói pelos amigos e ganha festa de lixeiro no aniversário
Marcos Vinícius só completa 4 anos no sábado, mas a festa já foi nesta quinta-feira (27) e com o tema que ele tanto pediu para a mãe. Apaixonado pelo caminhão de lixo e seus coletores, o pequeno dispensou até o Capitão América para que a decoração fosse "dos meus amigos", como ele diz.
"Porque eu queria dos meus amigos. É mais legal", fala o aniversariante. Devidamente uniformizado de coletor, Marcos é o único filho de Marcelina e por quem a mãe entrou no que chama de "missão impossível".
"Eu moro na Vila Marly e trabalhava no antigo Seminário. A gente vinha à pé conversando e eu perguntei do que ele queria a festa e ele respondeu: dos meus amigos", conta a serviços gerais, Marcelina Lopes Brites, de 35 anos.
Desde bebê, Marcos tem o que a mãe descreve como "amor platônico" pelos lixeiros. "Mas pensei, na festa? Falei do Capitão América, do Homem-Aranha, Scooby Doo e nada, ele só queria dos meus amigos", repete.
Como o filho já falou em agosto, foram dois meses de correria. Cada caminhão da Solurb que Marcelina via na rua, perguntava onde poderia mandar fazer um uniforme semelhante ao deles, mas em tamanho infantil.
E foi assim que a mãe chegou até os Recursos Humanos da Solurb, que junto dos funcionários, deram a festa para o menino, na escola onde estuda, no Centro de Educação Infantil Eva Maria de Jesus, na Comunidade Tia Eva.
"Eu era uma mãe numa missão impossível. Mas aí eles acharam bonitinho e deram a roupinha e a festa, eu só trouxe o bolo", conta. Dentre os preparativos, a mãe teve de falar para o menino da surpresa. Primeiro porque Marcos acreditava que estava sendo passado para trás.
"Ele me falava: mãe você está me enganando, meu aniversário já foi", brinca. Além disso, desde 2014 o menino foi diagnosticado com "sopro" no coração.
Na escola, as professoras que vestiram Marcos Vinícius como coletor de lixo e os funcionários da Solurb que levaram decoração, salgadinhos, doces e refrigerantes. Fruto de "vaquinha" dos próprios colaboradores.
E quando o caminhão do lixo chegou, foi tanta felicidade que Marcos nem cabia em si. Na direção, estava o motorista Luiz Santos, de 63 anos e os coletores, Waldir Dias, de 48 e Elson Oliveira de Almeida, de 47.
"Foi a primeira festinha assim, já tiveram de filhos de funcionários, mas essa a mãe escolheu porque ele é apaixonado pela coleta e já virou rotina essa paixão das crianças", comenta Luiz, que está na coleta de lixo desde a década de 90.
Para ele é muito bom ver e poder participar da alegria dos pequenos. A festinha é no diminutivo só para combinar com o tamanho do aniversariante, porque entre alunos e funcionários da Solurb, eram 80 convidados.
"Quando chegamos, foi uma alegria, que o aniversariante ficou até sem voz. Você vê a inocência de uma criança ali. Eles falam que a gente é cheiroso", relata Waldir, que está na companhia há 7 anos.
E a mesma emoção que tomou conta do menininho, encheu o coração de Elson. "Ele abriu mão de super-heróis, de personagens. É uma criança fazendo homenagem enquanto os adultos nem reconhecem o trabalho da gente".
Na verdade, Marcos não trocou e sim "redefiniu" o que para si é o super-herói. "Sendo uma pessoa de bem, se ele quiser ser lixeiro, tudo bem. O dinheiro que eles ganham tem o mesmo valor do de um juiz, um advogado", afirma a mãe.
E no ano que vem? Adivinha qual será o tema da festa de aniversário de cinco anos? "De lixeiro", já responde o garotinho.