Minha mãe não cozinha, mas... faz um monte de coisas bem bacanas
Ana Lua tem 8 anos e pode listar as várias coisas que sua mãe faz. No lugar do fogão na cozinha, a mãe tem um notebook e faz do cômodo, o escritório. Nas fotografias da filha, está a primeira resposta: minha mãe não cozinha, mas já me levou para conhecer a Rita Lee.
A mãe, a jornalista e produtora de eventos, Elaine Valdez, se vê na menina o tempo todo. "Ela é uma mini-mim", brinca Elaine, de 37 anos. Por trabalhar com shows e festas, tem horários e locais que ela precisa levar a filha. Com sorte, Ana Lua sai com registros como do encontro com o músico Otto e até um clique com Gusttavo Lima na academia. "Já conheci também o Elvis Presley e o Michael Jackson cover", completa Ana Lua Teixeira Gonçalves.
De início fica claro que Elaine não cozinha, pela ausência do fogão, no máximo usa a máquina de café. É uma dentre tantas mães que hoje já não tem a cozinha como habilidade, algo difícil de imaginar para as nossas avós. "Eu acho que sou o reflexo da mãe moderna, que tem que trabalhar, tem mais de um emprego e eu também não sou adepta da cozinha. Nunca fui nem de brincar de casinha", recorda. "Aprendi a ser mãe com ela".
Nos dois primeiros anos de vida de Ana Lua, Elaine parou de trabalhar para ficar apenas com a filha. E mesmo com o tempo em casa, preferiu dedicá-lo a outros afazeres. O resultado foi a sintonia criada entre as duas. "Ela fala mãe a gente é alma gêmea, né? Eu falo por que filha? Porque a gente gosta das mesmas coisas, os mesmos filmes..." reproduz Elaine.
Quanto ao fato de não haver nem fogão em casa, ela faz questão de frisar que se alimentam bem, mesmo sem o instrumento primordial para isso. "Ali tem fruta, verdura, a gente sempre come também proteína e não toma refrigerante", enumera Elaine.
Para a filha, a lista de coisas que a mãe faz não para somente no conhecer Rita Lee. "Muitas coisas, a gente se arruma junto, ela faz minha maquiagem, arruma meu cabelo, a gente vê filme junto e é muito legal isso", descreve Ana Lua.
Ana Lua sabe que a mãe é diferente perante as demais. "Por que? Ela é muito moderna, ela faz coisas que as mães não fazem, como ser mais estilosa", elogia a menina.
E nas brincadeiras, Elaine vê a filha atendendo ao telefone, digitando e brincando de escritório. "Ela até fala igual eu. Você acaba transmitindo o que voce é". E isso nada tem a ver com forno e fogão.
Passeando - Ainda pequena, é no desenho que Alice, de 4 anos, expressa o que ela e a mãe Lígia, fazem. Na cozinha da casa, uma das paredes é totalmente dedicada aos desenhos e rabiscos da menina.
"Aqui a gente está passeando. Sou eu e a minha mãe. Tem o anjinho, um telefone, o sol e essa é a lua", traduz a menina Alice. A diferença entre mãe e filha se dá apenas pelo cabelo, de tamanhos iguais e coloridos, ela tem cachinhos, enquanto a mãe, se apresenta de fios lisos.
Alice Zamban Cury tem só 4 anos, mas ja é uma artista e tanto. Desenha, pinta, brinca, canta e interpreta até para a gente. Assim que ela nasceu, a mãe e veterinária Lígia Taiarol Zamban, de 34 anos, decidiu que o seu tempo seria dedicado apenas a ela.
Da cozinha, ela confessa que não gosta, mas por prezar por uma alimentação saudável, acaba indo para o fogão. Alice até enumera as delícias que saem dali: bolo de banana, panqueca... Mas é nas brincadeiras ao ar livre que ela mais se lembra da mãe.
"Ela gosta disso, de brincar ao ar livre, andar de patinete e que eu faça companhia a ela. Às vezes é só para ficar olhando, mas ela me chama", descreve Lígia.
Na memória de Lígia, não ficaram as lembranças do sabor que vinha da cozinha da mãe. Coube mais a avó despertar estas memórias sensitivas. "Acho que é mais válido eu ter ficado em casa, com ela, todos os dias fazendo alguma coisa, que não seja necessariamente cozinhar", afirma Lígia.
A rotina mudou, a cozinha teve de entrar um pouco a contra-gosto, mas... "É difícil ser mãe, porque a vida vira de cabeça para baixo. Muda tudo, nada fica igual, mas é perfeito. Você se sente uma pessoa bem melhor", finaliza.