Noivos que se conheceram trabalhando na cracolândia casam em cenário pantaneiro
O Porto Geral em Corumbá, serviu de palco e altar para declarar Evandro e Mirian como marido e mulher. No último domingo, a paisagem pantaneira, cenário dos sonhos de menina da noiva, foi testemunha do compromisso dos dois firmado diante de 200 convidados, entre familiares e amigos.
Ela é de Ladário, ele de São Paulo. Os dois se conheceram há seis anos quando Mirian trocou a Cidade Branca para ser voluntária na cracolândia, em São Paulo. Missionários no mesmo projeto social, da Igreja Batista, logo que os dois começaram a sair, Evandro já disse qual era a intenção. "Ele falou que estava saindo para se casar comigo. Depois de muito tempo nos conhecendo e perguntando a Deus se era ele, eu disse sim", descreve a noiva Mirian Leite, de 32 anos.
Quando os planos do casamento começaram a se concretizar, Mirian aproveitou as férias em Corumbá, no final do ano passado, para fechar a cerimônia e a recepção. E tudo se autodenominando noiva. Aliança mesmo ainda não tinha. "Porque ele dizia que iria me surpreender e foi mesmo. Quando voltei para São Paulo, fomos no Ibirapuera e sentados lá, perto do lago, ele me pediu em casamento", conta.
O sonho de se casar no Porto Geral vinha da Mirian criança. "Desde menina sou encantada pelo Porto. O rio sempre me encantou e olha que minha mãe mora de frente para o Rio Paraguai. Quando decidimos marcar a data, pedi que ele realizasse um sonho: casar no Porto. Ele disse sim", narra.
A noiva conta que como a Prefeitura nunca havia recebido um pedido assim, para que um casamento acontecesse no Porto, chegaram até a engavetar o pedido, mas uma amiga da família e por coincidência Secretária de Educação do Município, conseguiu agilizar.
"O casamento todo foi emocionante. Foi muito mais do que sonhei, sempre quisemos só com família e amigos próximos", descreve Mirian.
Com a noiva à distância, quem corria atrás dos preparativos em Corumbá eram as irmãs e a mãe de Mirian. "Ela tinha esse sonho desde adolescente. Eram dois: de ser missionária na África e casar aqui na cidade, no Porto. Mas no tempo nosso, o Porto ainda era feio. Hoje é bonito. O casamento foi mais uma confirmação do sonho dela", afirma a mãe, Paula Leite da Silva, de 53 anos.
Uma das preocupações da família, segundo a mãe, era com a chuva. "Mas ela dizia 'Deus é tão bom comigo que ele vai me abençoar e vamos casar lá. Ela é uma menina muito determinada", completa.
O cenário, exuberante na sua essência, praticamente dispensava decoração. Uma tenda foi montada no altar para deixar Evandro e Mirian em destaque e também protegê-los do sol. Realizado por pastores da igreja do casal, os convidados vieram de São Paulo e também do Rio de Janeiro.
"Olha, todo mundo falou que nunca mais ia esquecer esse casamento. Estava calor sim, mas também ventava, então deu para aguentar bem e o pessoal não arredou o pé", relata a mãe. "Foi uma coisa muito linga, a natureza, o cenário, tudo perfeito!"
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