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Comportamento

Pedreiro sem mão e pintor na cadeira de rodas são "os caras" em canteiro de obra

Anny Malagolini | 17/02/2014 07:09
Magno virou cadeirante após ser atingido por uma bala perdida.
Magno virou cadeirante após ser atingido por uma bala perdida.

Em um dos principais condomínios de luxo de Campo Grande, não são apenas as construções que chamam a atenção. Quem está construindo também. Um dos pedreiros não tem uma das mãos e o pintor assume as paredes em cima de uma cadeira de rodas.

É mais uma daquelas histórias de pessoas comuns, que trabalham independente da condição física, mas que no canteiro de obras são sempre bons exemplos citados pelos colegas.

O pintor Magno Ferreira Ribeiro, de 31 anos, aprendeu o ofício ainda quando criança, aos 12. Cadeirante desde 2009, ele foi vítima de uma bala perdida que o acertou nas costas, em uma conveniência no bairro Nova Lima. Quando se recuperou, não teve outra escolha a não ser seguir a vida.

Magno tem duas cadeiras de rodas. Uma “social”, para os eventos com os amigos e a família, e a outra para usar durante o trabalho. Ele conta que todo o serviço é feito em cima da cadeira e para um rendimento melhor, trocou o banco almofadado pela madeira. Mesmo sem conforto, ele não reclama e explica que o mais importante é a qualidade: “Fica mais firme e tem que ser resistente”.

O pintor diz que  mesmo na cadeira consegue pintar de “tudo" e bem. Fez adaptações nos pincéis para alcançar qualquer ponto, até os mais altos. Quando precisa se locomover, os colegas de trabalho o ajudam a andar pela obra. A única limitação, "ainda", é não conseguir pintar usando andaimes.

Só obra grande - Para o pedreiro Firmino Sorrilha, de 44 anos, não ter uma das mãos não é problema na hora de pegar no “batente”, nem motivo para diminuir o ritmo. Como qualquer profissional competente, vai carregando o que for preciso sem dificuldade. É defensor daquela máxima: “Quem quer, arruma um jeito. Quem não quer, arruma uma desculpa.”

Ele conta que nasceu sem a mão esquerda e desde os 17 anos, quando veio morar em Campo Grande, trabalha com construção civil. Sem falsa modestia, garante: “Não tem nada que eu não faça”.

Ganhou o respeito não pela condição física, mas pelo cuidado com o acabamento de pisos, de azulejos. Por isso, hoje, é responsável pela equipe.

“Todo mundo fica curioso, mas se acostuma e acaba gostando do trabalho. Tenho bastante cliente, e só faço casa grande”, diz orgulhoso. 

Firmino nasceu sem a mão esquerda.
Firmino nasceu sem a mão esquerda.
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