Pela fé, eles recolhem lixo pela cidade e oferecem orações. Que religião é essa?
Em uma manhã de quinta-feira na praça Ary Coelho, um grupo se destaca por recolher o lixo que deixa o lugar com aspecto de abandono. Com luvas de plástico e disposição aparente, 4 pessoas vão retirando o que foi jogado no chão e colocando em sacolas.
Enquanto o serviço de limpeza é feito por uns, outro homem sai pelo lugar oferecendo orações. “Posso oferecer uma oração para a senhora?”, diz o rapaz de quimono preto. A mulher aceita, ele se ajoelha e com as mãos vai fazendo movimentos enquanto pede por ela a limpeza da alma.
Carlos Eduardo, de 34 anos, é um dos seguidores da igreja Tenrikyo, criada no Japão em 1838. Na praça, ele explica que a base do que acredita reúne “céu, razão e ensinamento”.
Pelas cidades por onde passam para divulgar a religião, os fiéis limpam pontos específicos, sujos, como uma forma de ajudar o próximo. “Quando limpamos, também estamos limpando o espírito”, diz.
Em Campo Grande, não há sede da igreja, que no Brasil só existe fisicamente em Bauru (SP). Ao chegar por aqui, a impressão não foi boa. “A praça é bastante suja”, comenta Carlos.
O grupo está na cidade desde terça-feira e ontem se reuniu com grupo Alcoólicos Anônimos. Um dia depois, já tinha gente do AA ajudando na coleta de lixo.
Essa relação com a sujeira começa pelos ensinamentos de Oyassama, uma japonesa nascida em 1798, que seria a porta-voz de Deus na terra. A igreja acredita que “poeiras”, como a mentira e a avareza, provocam doenças físicas e da alma.
Os fiéis têm como objetivo em vida praticar o “Serviço Alegre’ e como merecimento terão o “alimento celeste”. “É ensinado que todos os seres humanos que tomarem este alimento terão a vida conservada sem doença, morte ou enfraquecimento até atingirem a idade de 115 desfrutando uma Vida Plena de Alegria”, reforça a Tenrikyo em sua página na internet.