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Comportamento

Pombo cego que vive como galinha é personagem em projeto de animais especiais

Elverson Cardozo | 16/05/2013 08:13
Marluce e o pombo cego. Uma paixão sem limites. (Foto: Felipe Pellegrini)
Marluce e o pombo cego. Uma paixão sem limites. (Foto: Felipe Pellegrini)
Marluce, Marvin e  Célia. (Foto:  Felipe Pellegrini)
Marluce, Marvin e Célia. (Foto: Felipe Pellegrini)

Marvin é um pombo ornamental da raça rabo-de-leque que, segundo sua dona, a acadêmica de Ciências Biológicas, Marluce da Costa, “vive como uma galinha, já que não voa”. O “hábito”, que causa estranheza e imensa interrogação em uma primeira leitura, é justificável: a ave criada por ela é cega. Teve os olhos "vazados", julga a jovem, para não fugir do criadouro.

Apesar do problema, o pombo é um bicho de sorte. Há 3 anos era apenas mais um animal posto à venda em um loja, junto com a “esposa” e outros “encarcerados”. Como o macho era cego, nenhum cliente se interessou pelo casal.

Não fosse Marluce, Marvin e a “esposa” estariam largados à própria sorte. Quando soube do “desprezo”, por intermédio de um tio, a acadêmica se compadeceu. “Me apaixonei e, sem ao mesmo ver a carinha deles, escolhi os nomes. Fiquei ansiosa para a chegada, no dia seguinte”, relatou.

“Marido e mulher”, graças à solidariedade humana, logo se tornaram os novos integrantes da casa, mas ele, em pouco tempo, enfrentou a “traição”. A companheira, que era saudável, vôou. “Desejei boa sorte a ela e deixei que ganhasse os céus e sua liberdade”, contou a estudante.

Marvin é o xodó da casa. "Chora" quando sente falta da dona. (Foto:  Felipe Pellegrini)
Marvin é o xodó da casa. "Chora" quando sente falta da dona. (Foto: Felipe Pellegrini)

“O macho ficou, obviamente, e, desde então, vive como uma galinha, já que não voa. No começo foi difícil nos adaptarmos um ao outro, eu não sabia como manuseá-lo sem machucar a ele ou a mim. Não sabia como ele iria se alimentar. Criamos uma intimidade tão rápida, que ele dorme esparramado nas mais variadas poses em cima de mim, poses essas estranhas para uma ave”, escreveu Marluce.

A história de do pombo cego, que ganhou uma casinha no quarto da dona e que hoje “chora” com a ausência dela, chegou ao conhecimento do público por meio da própria acadêmica, que compartilhou a história no Facebook.

Competição - O relato emocionado foi feito para inscrição em um concurso destinado a “animais especiais”, que está sendo promovido por um casal de fotógrafos que atua em Campo Grande: a jornalista Célia Nazarko, de 35 anos, e o marido, o administrador Felipe Pellegrini, 38.

Apaixonados por animais e por registros, claro, os dois resolveram investir, há 3 anos, nas fotografias desses "pequenos seres". A ideia surgiu dentro de casa. “Tudo começou com as fotografias dos nossos pets. Eu sempre fotografia e fiz montagens com eles pela casa. O Felipe também. Temos quatro gatos (Pingo, Pitoco, Bilo e Mimi).

Fotógrafa em ação. (Foto: Felipe Pellegrini)
Fotógrafa em ação. (Foto: Felipe Pellegrini)
Célia Nazarko e o marido, Felipe Pellegrini. (Foto: Divulgação)
Célia Nazarko e o marido, Felipe Pellegrini. (Foto: Divulgação)

Na época, um amigo do administrador, tirando sarro, comentou que ele só fazia fotos de “gatinhos”, contou a esposa. “Aí ele pensou: Vamos fazer fotos de cachorros também. Quer saber? Vamos fotografar animais domésticos na casa da pessoa. Foi bem assim”, resumiu.

Os primeiros “modelos” foram três cães de uma amiga. De lá para cá, muitos cliques dos donos com os xodós, em casa e até no ambiente de trabalho.

SeuPetStar - Em outubro do ano passado, para divulgar o trabalho que vem desenvolvendo, os fotógrafos lançaram um projeto-campanha no Facebook. O “SeuPetStar Mais Que Especial”, como a ideia foi batizada, é a oportunidade do dono compartilhar, na rede, a história de seu animal de estimação. Mas há uma restrição. Só podem participar bichos que tenham alguma deficiência, como é o caso de Marvin.

“Nossa intenção é transformar o olhar preconceituoso, fazendo ser natural acolher animais com alguma limitação. Percebemos que as pessoas têm dó, mas não tem coragem”, explicou, acrescentando que, muitas vezes, o trabalho de cuidar de um pet especial é o mesmo dispensando a outro tido como “normal”.

A proposta não é só compartilhar a história. “É mostrar alegria nos casos”. “Quem tem um animal em casa não fica chorando com pena dela. Simplesmente vive e vive feliz, porque sabe que esta ajudando e recendo amor dele”, disse a mulher.

"Pitoco", o gato pop-star. (Foto: Célia Nazarko)
"Pitoco", o gato pop-star. (Foto: Célia Nazarko)

Premiação - O projeto - que surgiu da amizade com pessoas que tem animais com algum tipo de limitação - vai premiar o autor da história mais compartilhada com um pôster do bicho no tamanho 60 x 90 cm.

A sessão de fotos com o dono é produzida, conta com a estrutura de um estúdio móvel, que é levado até a casa do cliente, e deve durar de 1 a 2 horas. “Quando fotografamos a entrega é total. Rolamos no chão com eles”, adiantou a fotógrafa.

Interessados em participar da campanha “SeuPetStar Mais que Especial” devem enviar o relato e as fotos do animal ao e-mail seupetstar@gmail.com. Por enquanto, apenas Marvin está participando. Para ler a história completa, clique aqui.

Quer saber mais sobre trabalho da Célia e do Felipe? Acesse o blog Meu Gato Pingo.

Cadelinha Meg também teve seu momento de estrela. (Foto: Célia Nazarko)
Cadelinha Meg também teve seu momento de estrela. (Foto: Célia Nazarko)
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