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Comportamento

Roberto Higa procura notícias de menina que fotografou há 40 anos

Paula Maciulevicius | 15/08/2013 06:48
Da memória do fotógrafo, Higa carrega apenas o olhar. Nome, filiação e idade ficaram para trás. (Foto: João Garrigó)
Da memória do fotógrafo, Higa carrega apenas o olhar. Nome, filiação e idade ficaram para trás. (Foto: João Garrigó)
Foto da menina.
Foto da menina.

Com mais de quatro décadas de carreira no fotojornalismo, milhares de flashes e histórias, uma foto de 1974 intriga o fotógrafo Roberto Higa. Ele até hoje não sabe o que aconteceu com a única sobrevivente de um acidente na saída para Cuiabá.

Como de costume, na época, a criança viajava com o pai e a mãe na carroceria de uma caminhonete. Na estrada, rumo à Camapuã, o veículo tombou e a menina ficou prensada e foi salva graças a um colchão.

A família toda morreu e o registro só foi feito porque a Polícia levou a vítima sobrevivente até o jornal Diário da Serra para que a notícia fosse dada.

“Só que o grande problema é que a criança não tinha pra onde ir naquela época”, se refere Higa quanto à carência de casas de abrigo e orfanatos e tampouco Conselho Tutelar.

Entre as inúmeras fotos no arquivo, tanto as de papel como as já escaneadas, a da pequena que aparenta ter em torno de 4 anos, descalça, num vestido branco e com um olhar triste é o que volta e meia vem à cabeça do fotógrafo.

“O que aconteceu com essa menina será? Ela não deve estar velha, deve ter uns 40 anos. Na época ela devia ter uns 3 anos, no máximo”, comenta.

O curioso é que do Papa João Paulo II, Manoel de Barros, às figuras de governantes, é aquela a imagem que ele se pergunta que vida levou a menina que se tornou mulher.

“Me intriga hoje porque o mundo está diferente. Tem recurso, tem para onde ir, antigamente não”, narra.

Da memória do fotógrafo, Higa carrega apenas o olhar. Nome, filiação e idade ficaram para trás. Mas quem sabe, se a sobrevivente ainda morar em Campo Grande, o Lado B possa noticiar o futuro que ela teve. Afinal, se do acidente apenas ela escapou era por um grande propósito divino, ou do destino, creio eu.

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