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Games

A Atari tenta voltar ao topo do mercado com o Jaguar, primeiro console de 64bit

Edson Godoy | 28/04/2015 06:56
A Atari tenta voltar ao topo do mercado com o Jaguar, primeiro console de 64bit

No capítulo anterior do especial “História dos Videogames” falamos sobre a chegada do 3DO em 1993, o primeiro console de 32bit a causar impacto no mercado. Ainda em 93, a Atari, antiga soberana do mercado de consoles, graças ao Atari 2600, tenta retomar seu prestígio no mercado lançando um novo console: o Atari Jaguar.

O projeto inicial da Atari era produzir um console de 32bit, que já tinha até codinome: Panther. Porém ainda na fase de desenvolvimento, foi apresentado à Atari o projeto de um console de 64bit. Ao comparar a performance dos projetos, a empresa percebeu que o de 64bit funcionava melhor e apresentava maiores condições de prosperar no mercado. Nascia assim o projeto do Atari Jaguar.

O console foi lançado em caráter de teste no final de 1993 em duas cidades norte-americanas. Nesse período inicial, as vendas foram muito bem sucedidas. Nesse lançamento prévio, o console tinha uma linha inicial de apenas dois jogos: Cybermorph e Trevor McFur in the Crescent Galaxy, ambos jogos de qualidade duvidosa, que faziam muito pouco no sentido de chamar a atenção do público par ao novo console (confira o vídeo ao final da matéria, onde conto tudo sobre esses e mais alguns games).

Apesar disso, as revistas da época faziam matérias bastante generosas com o aparelho, o que fazia com que as expectativas fossem sempre grandes quanto às qualidades que o Jaguar apresentaria. Além disso, o fato de ser o primeiro console de 64bit chamava muita a atenção. Naquela época, a maioria dos consoles do mercado era de 16 bit. Os 32bit estavam recém chegados no mercado. De repente aparece um aparelho com o dobro de potência que o top de linha da época (o 3DO). Hoje sabemos que esse lance de quantidade de bit não significa muita coisa em termos de performance, mas era a década de 90, em plena “guerra dos bits”.

Chegou 1994 e o console começou a ser distribuído de forma regular em todas as cidades dos Estados Unidos e também na Europa e em pequenas quantidades no Japão. Aos poucos foram saindo mais jogos para o aparelho, porém nada que realmente mostrasse um aparelho com o quádruplo de potência de um Super Nintendo ou de um Mega Drive. E aí começaram os questionamentos sobre a real quantidade de bit do console, com muitos dizendo que na verdade o Jaguar era apenas 16 bit.

O Jaguar é composto por cinco processadores, sendo que desses, 2 são de 64bit. Existe dentro do console um processador igual ao do Mega Drive (Motorola 68000), porém esse processador foi construído para ser utilizado para funções como mapeamento de funções de controle e afins. Mas imagine: programar de forma que esses cinco processadores funcionassem ao mesmo tempo era muito difícil, em especial com as ferramentas rudimentares existentes à época e também a difícil linguagem de programação utilizada pelo Jaguar (Assembly).

Diante desse quadro, poucos programadores conseguiam extrair a potência real do aparelho, sendo que a maioria optava pela facilidade de utilizar esse processador do Mega Drive como um processador central, portando jogos de 16 bit para o Jaguar. São vários os exemplos de jogos assim: Pitfall Mayan Adventure, Double Dragon V, Fever Pitch Soccer, Flashback e muitos outros.

Porém, aqueles programadores que conseguiam fazer os processadores do aparelho conversar entre si, faziam games de primeira linha. O primeiro a conseguir isso foi Jeff Minter, um programador inglês que fez uma releitura do clássico Tempest dos arcades e criou o Tempest 2000 para o Jaguar. O game é um jogo de tiro empolgante com uma trilha sonora de primeira linha. Outro jogo que veio ainda em 1994 e mostrou o poder do aparelho foi o game Alien Vs. Predator. Os gráficos eram incríveis para a época e o game conseguia trazer a atmosfera dos filmes da franquia Alien para o videogame como nenhum outro game havia feito até então.

Mas os poucos jogos que faziam jus ao aparelho não foram suficientes para alavancar suas vendas. O Jaguar sofria no mercado por diversas razões: marketing equivocado da Atari, pouca quantidade de lançamentos, além dos já mencionados estigmas de que o console prometia mais do que entregava em termos técnicos. Sem contar jogos realmente ruins que eram lançados, como Club Drive e Checkered Flag, dois jogos de corrida sofríveis para o aparelho.

Pra piorar a vida da Atari, no final de 94 chegavam ao mercado o Sega Saturn e Sony Playstation, praticamente sepultando de vez qualquer esperança da Atari de retomar o protagonismo no mercado. Apesar disso, a empresa ainda tentou uma última cartada em 1995, com o lançamento do Jaguar CD. O acessório adicionava um drive de CD ao aparelho, possibilitando o uso de jogos com Full-Motion Vídeo – FMV, além de games mais ambiciosos, graças à grande capacidade de memória que o compact-disk oferecia na época.

Porém o Jaguar CD chegou tarde demais. Em 95 a Atari já estava muito mal das pernas financeiramente e apenas um milagre, que não veio, poderia salva-la. Apenas pouco mais de uma dezena de jogos foram lançados para o acessório, sendo que nenhum se destacava por ter grande qualidade. Com todos esses problemas, a Atari acabou sendo vendida em 1996 e o Atari Jaguar foi oficialmente descontinuado. Estima-se que apenas 250 mil unidades tenham sido vendidas em todo o mundo, lembrando que o console nunca foi vendido oficialmente por aqui.

Confira no vídeo ao final da matéria o episódio especial do programa Video Game Data Show, onde falamos mais sobre o Jaguar e mostramos em detalhes os 5 primeiros jogos lançados para ele.

E assim chegamos ao final de mais um capítulo de nosso especial. No próximo, falaremos sobre o Bandai Playdia e o Sega 32X. Continue acompanhando essa verdadeira viagem no tempo, aqui no Lado B.

A coluna de games do Lado B tem o apoio do evento Parada Nerd, que vai rolar nos dias 2 e 3 de maio em Campo Grande.

Visite também o meu site, o Video Game Data Base.

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