Artista de games de Campo Grande conta como é criar e abre curso na área
Qual aficionado por jogos eletrônicos nunca se imaginou um dia criando o seu próprio game, fazendo com que suas ideias mais incríveis fossem transportadas para a tela da televisão ou do computador? Esse pensamento também passou pela cabeça de Marina Torrecilha.
Essa campo-grandense de 27 anos sempre sonhou em criar seus próprios jogos. Após se formar em Artes e estudar animação 3D no Art Academia em São Paulo, ela criou juntamente com Pedro Schabib a Jogos Aurora, desenvolvedora independente de jogos. Agora ela embarca em mais uma empreitada: criou um curso sobre Roteiro e Arte para Jogos. Ela nos contou como é a experiência de criar jogos eletrônicos e explicou um pouco sobre o curso que está lecionando na capital.
Lado B – Ser gamer com certeza ajuda no processo de criação. Como você usa sua experiência como jogadora nas suas criações?
Marina – Quando somos gamers temos uma percepção de como é superar os obstáculos e se divertir com o jogo recebendo com naturalidade os desafios e as estratégias bolados para nós, porém a percepção é outra quando por trás de toda essa diversão tem muita produção, muito estudo e muita dedicação de uma equipe para entregar um projeto bacana. Como artista de jogos, represento toda a produção visual que vem desde as ideias iniciais das cores e formas, até o acabamento final da montagem dos objetos de cena, personagens, cenários, ou até mesmo a modelagem 3D.
Lado B – Fale um pouco sobre a desenvolvedora que criou, a Jogos Aurora.
Marina – Na Jogos Aurora eu cuido da parte de criação de Arte dos Jogos. A empresa hoje é focada na criação de games independentes para celular Android. Depois de lançados Laser Defense e Dragon Rings, nossos primeiros dois jogos no mercado, atualmente estamos trabalho em nosso terceiro game. E realmente não é fácil! Comecei pelas formas da Personagem. Após essa projeção inicial, pude seguir para estudar como seria um ambiente propício para começar o cenário do jogo e acrescentei as cores.
Hoje, com a ajuda da internet, tive referências maravilhosas de muitas pessoas que me inspiram muito. São artistas, roteiristas, filmes. Assisto vídeo-aulas sobre criação de jogos, leio artigos, livros, apostilas e depois de receber tanta ajuda e sentir tão grata por ter tantas pessoas incríveis na área colaborando e crescendo nessa área, tanto lá fora como no Brasil, tive o interesse de querer passar isso para frente, porém não sabia bem como.
Lado B - Aí entra o curso de roteiro e arte nos jogos, né? Conta para a gente como surgiu a ideia e como foi criar o curso.
Marina – Lembro que com meus 15/16 anos tinha muita vontade de fazer algum curso sobre arte digital ou animação 2D/3D,porém na época Campo Grande ainda estava começando a ter apenas estudantes na área. Eram pouquíssimos recursos disponíveis e as mesas digitais ainda estavam começando a chegar no Brasil.
Hoje vejo que os recursos estão mais disponíveis e temos maior acesso a eles. Então pensei: estou com uma bagagem teórica e prática sobre cada etapa da criação de um jogo: Por que não dar um curso sobre Roteiro e Arte para Jogos?
Junto com a ideia de dar aula vieram todas as dúvidas de como levaria essa oficina para a galera. Por muitas vezes fiz cursos online e já fui estudante de métodos de ensino que não me cativaram, fiquei receosa em passar uma aula que se apagasse através do tempo. Então entendi que tinha que dar um curso onde cada um despertasse fortemente seu traço pessoal, valorizasse suas ideias e criassem suas próprias técnicas.
O que eu faço é estimular, guiar e ser o instrumento, onde através de um padrão de documentação organizado, todos criem jogos realizando cada etapa até a produção final de um jogo. A aula é livre e direcionada a troca de conhecimentos, onde viso a história dos jogos através do tempo, trilha sonora, criação de personagens, utilização das cores, criação de cenários, publicidade, etc. E foi assim que fiz o primeiro curso em agosto. Na época abri apenas 8 vagas, porém foi um sucesso pessoal e criativo dessa turma que realmente me surpreendeu.
Lado B – Legal Marina. E você está abrindo uma nova turma né?
Marina – Sim. Abri apenas mais uma turma para esse ano, onde espero a inscrição de 8 a 10 alunos. Quem quiser participar é só comparecer na XD Comic no primeiro dia de aula, que será no próximo dia 15 deste mês de outubro, às 14h. Para adiantar sua vaga temos uma pré-inscrição no site que explica certinho a grade do curso e o material que utilizaremos.Qualquer dúvida, basta entrar em contato através do email jogosaurora@gmail.com.
Lado B – E que tal encerrar com uma dica para aqueles que tem vontade de trabalhar criando jogos eletrônicos?
Marina – Como havia dito, jogar é muito diferente de criar. Para trabalhar com jogos precisamos ser humildes, entender que somos humanos e erramos. Não podemos nos apegar demais a uma ideia ou um traço, afinal ideias vem e vão, e o que importa é a experiência que temos podendo criar e realizar projetos que vão simbolizar nossa evolução como game developers. Precisamos quebrar o gelo dentro de nós e por a mão na massa, estudar muito, admirar pessoas, trocar experiências e ideias com profissionais da mesma área que a gente, às vezes para começar precisamos de uma impulsionada, por isso procurem estudar, fazer cursos, ter uma disciplina de anotação de ideias constates e logo quando você perceber suas dificuldades e barreiras vão se dissipando.
Confira nos vídeos abaixo alguns dos jogos criados pela Jogos Aurora e confira também o vídeo que fizemos durante a Brasil Game Show com diversos desenvolvedores independentes que se apresentaram na feira. A coluna de games do Lado B tem o apoio da loja Press Start, localizada no Shopping Bosque dos Ipês, aqui em Campo Grande/MS.Não deixe também de visitar meu site, o Vídeo Game Data Base.