Distribuidora dos jogos da Nintendo fecha as portas e deixa fãs apreensivos
Apesar disso ter sido anunciado na sexta-feira (09/01/15), não poderíamos deixar de comentar essa notícia e trazer maiores informações sobre a “saída” da Nintendo do Brasil. Para começar, a saída está entre aspas porque a Nintendo não está mais no Brasil desde os tempos da parceria com a Gradiente/Playtronic (época de NES, SNES e Nintendo 64). De lá para cá (com um hiato de alguns anos por volta de 2006), quem manejava a distribuição dos jogos da empresa no Brasil era uma importadora autorizada chamada Gaming do Brasil. E é essa empresa que está encerrando suas atividades por aqui.
Veja a íntegra da nota para a imprensa que foi divulgada pela Nintendo na sexta (depois faremos algumas ponderações sobre a nota e contaremos algumas novidades que soubemos desde esse anúncio):
Em resposta a movimentos contínuos no mercado brasileiro, a Nintendo of America Inc. anuncia hoje, mudanças na distribuição física de seus produtos no país. A partir de Janeiro de 2015, a Gaming do Brasil, empresa subsidiária da Juegos de Video Latinoamérica, GmbH, não distribuirá mais os produtos da Nintendo no Brasil. A Gaming do Brasil distribuiu os produtos da Nintendo pelos últimos quatro anos.
“O Brasil é um mercado importante para a Nintendo e lar de muitos fãs apaixonados mas, infelizmente, desafios no ambiente local de negócios fizeram nosso modelo de distribuição atual no país insustentável”, disse Bill van Zyll, Diretor e Gerente Geral para América Latina da Nintendo of America. “Estes desafios incluem as altas tarifas sobre importação que se aplicam ao nosso setor e a nossa decisão de não ter uma operação de fabricação local. Trabalhando junto com a Juegos de Video Latinoamérica, iremos monitorar a evolução do ambiente de negócios e avaliar a melhor maneira de servir nossos fãs brasileiros no futuro”.
“Somos profundamente gratos pelo trabalho duro e pelas muitas contribuições feitas por cada valioso membro da Gaming do Brasil. Nos últimos anos trabalhamos juntos para apresentar os consoles Wii U e o Nintendo 3DS para os fãs brasileiros, assim como nos lançamentos de títulos populares como Super Smash Bros. for Wii U e Super Smash Bros. for Nintendo 3DS, Mario Kart 8, The Legend of Zelda: a Link Between Worlds, Donkey Kong Country: Tropical Freeze e muitos outros”, completa van Zyll.
Apesar das mudanças no Brasil, a Juegos de Video Latinoamérica continua a ser a distribuidora da Nintendo para a América Latina. “Somos parceiros da Nintendo na distribuição de seus produtos na América Latina há 14 anos e continuamos comprometidos com a marca. E, enquanto nenhuma outra mudança está planejada para outros mercados da região, estamos em uma posição em que precisamos reavaliar nossa abordagem na distribuição no Brasil”, explica Bernard Josephs, CEO da Juegos de Video Latinoamérica, GmbH. “Continuaremos a monitorar o ambiente no país para que possamos avaliar futuras oportunidades”.
Assistência técnica e garantias locais para os consumidores atuais continuarão a ser fornecidas pela HG Digital Services Ltda., que pode ser contatada pelo telefone (11) 3868-2658.
Não dá para entender a Nintendo... Talvez eles estejam ainda presos a uma forma de gerenciamento de negócio ultrapassada, pois a empresa atualmente enfrenta dificuldades a nível global. De fato o chamado “Custo Brasil” atrapalha demais empresas e comerciantes, mas tantas outras empresas do ramo estão sendo bem sucedidas aqui (Microsoft e Sony por exemplo), enfrentando os mesmos problemas.
A verdade é que os problemas enfrentados no Brasil pela Nintendo estavam mais ligados à falta de uma gestão eficiente do que a qualquer outra coisa. Há tempos escutamos reclamações de lojistas que relatam a dificuldade que era conseguir produtos da Nintendo. Aliás, esses produtos, mesmo com a saída da Gaming do Brasil, continuarão sendo vendidos aqui, pois segundo informações do programa Warpnews Kapoow (vejam o vídeo deles no final da matéria contando mais detalhes) outra distribuidora já teria assumido esse papel, sendo que inclusive alguns lojistas já receberam catálogos de jogos para 2015.
De fato, o que mais será prejudicado com o fechamento da Gaming do Brasil será a participação de Nintendo em eventos e na divulgação de lançamentos, outro item que já funcionava de forma extremamente deficiente. Basta citar a ausência da empresa nas últimas Brasil Game Shows.
A verdade é uma só: passou da hora da empresa começar a investir de verdade no Brasil. Nosso mercado de games é um gigante adormecido, que dorme em partes pelo sonífero fornecido pelo governo brasileiro, que não parece enxergar que a política tributária aplicada aos games (como se fossem “jogos de azar”) atrapalha demais o desenvolvimento da atividade por aqui, em parte pela falta de iniciativa de empresas como a Nintendo.
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