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Em 1990 nascia o lendário Neo Geo, videogame que trazia os fliperamas para casa

Edson Godoy | 08/01/2015 06:42
Em 1990 nascia o lendário Neo Geo, videogame que trazia os fliperamas para casa

No capítulo anterior (veja aqui) falamos sobre os primeiros consoles portáteis coloridos, o Atari Lynx, o Sega Game Gear e o Nec Turbo Express. Todos tentaram (em vão) destronar o Nintendo Game Boy, que reinou absoluto na década de 90 na liderança do mercado. Hoje, continuando a nossa linha do tempo dos videogames, vamos falar sobre um console que revolucionou o início dos anos 90 e desperta saudades nos gamers até hoje: o Neo Geo.

Em 1990 o console mais popular ainda era o NES (Nintendinho), de 8 bit. No ano anterior o Mega Drive chegou, com seus imponentes 16 bit e começou a roubar o terreno da Nintendo. Eis que a SNK, empresa que até então era especializada em fazer jogos para fliperama, criou um novo sistema, que apesar de também possuir arquitetura 16 bit, era carregado com muita memória RAM, dentre outras características.

A sacada da SNK foi construir um sistema maleável, a ponto da empresa lançar uma máquina de fliperama Neo Geo, denominado MVS – Multi Video System, e também um console Neo Geo, denominado AES – Advanced Entertainment System. Ambos possuíam o mesmo hardware e utilizavam cartuchos, porém sutis diferenças nos aparelhos e nos cartuchos os tornavam incompatíveis entre si (anos depois algumas empresas produziram adaptadores para utilizar cartuchos do MVS no AES).

Com isso os jogos que rodavam nos fliperamas eram exatamente os mesmos que rodavam nas residências dos consumidores, o que para a época era algo simplesmente revolucionário. Lembro que a primeira revista Videogame, lançada ainda em 1990, trazia uma matéria falando do Neo Geo AES, que fazia qualquer gamer babar, pois a diferença na qualidade gráfica era absurda quando comparado ao NES e muito superior ainda ao que o Mega Drive fazia naquele tempo. Porém, um grande agravante fazia com que esse console ficasse quase sempre apenas na imaginação das pessoas: o preço.

O Neo Geo AES era vendido pela bagatela de 650 dólares e um cartucho (eram cartuchos grandes e pesados) poderia custar até 250 dólares. A título de comparação, o Mega Drive custava 189 dólares e já era um console de última geração em 1990. O preço elevado fez sim o Neo Geo AES ser um videogame apenas para um pequeno nicho de mercado, mas seus jogos eram extremamente populares com toda a população gamer, graças ao Neo Geo MVS, o fliperama do Neo Geo. Jogos como Fatal Fury, Art of Fighting e alguns anos depois The King of Fighters, comiam “fichas” sem dó nos fliperamas.

É o que nos conta Jefferson Gonçalves, leitor assíduo de nossa coluna aqui no Lado B. Jefferson conheceu o Neo Geo em 1992, através de uma loja de fliperamas de Corumbá chamada World Games: “Na época o jogo mais em alta era Street Fighter II. Como eu já estava enjoado desse game e vi que uma galera se estapeava para jogar outro jogo de luta que tinha lá, acabei experimentando o game: Art of Fighting”. “O jogo marcou pois tinha um sistema de jogo diferente, que envolvia um pouco de estratégia. Os personagens eram legais e os gráficos chamavam muito mais atenção” completa Jefferson.

Jefferson ainda nos contou que mesmo em Corumbá, chegou a conhecer o Neo Geo AES: “eu vi o Neo Geo AES em uma loja de jogos que tinha em Corumbá chamada Oscar Games, onde se pagava para jogar por hora, mas por incrível que pareça, na época não me interessei muito. Lembro de ver o game Samurai Shodown”. Este colunista, que na época morava em Campo Grande, só foi conhecer o Neo Geo AES muitos anos depois, quando adquiriu um para a sua coleção através da internet. Era de fato um console incomum no Brasil, até porque, ele nunca foi lançado oficialmente por aqui.

Em 1994 a SNK, visando baixar os custos do console e seus jogos, lançou o Neo Geo CD, na tentativa de desbancar Mega Drive e Super Nintendo, bem como concorrer com os consoles de nova geração que surgiam: Atari Jaguar, 3DO, Sega Saturn e Sony Playstation. Com o console de CD, os jogos que no cartucho custavam mais de duzentos dólares, custariam em torno de 50 dólares. O console fez relativo sucesso, porém longe de ser o suficiente para desbancar os consoles da Sega e da Nintendo, reinantes até então.

Jefferson nos contou que ganhou um Neo Geo CD no natal de 1995 de seu pai. O console, ao contrário de sua versão em cartucho, foi lançado oficialmente no Brasil e era facilmente encontrado em loja de departamentos. Foi seu primeiro videogame e teve como jogos mais marcantes os da série The King of Fighters: “o sistema de jogo dele era revolucionário. Lutas entre times, barra de power para golpes especiais, ótima trilha sonora e a mistura de lutadores de outros jogos famosos da SNK foi uma grande sacada da empresa”.

A SNK continuou fabricando os consoles da linha Neo Geo até 1998 e a lançar jogos até 2004!!! Não há números oficiais sobre a quantidade de aparelhos vendidos, seja MVS, AES e CD, mas estima-se que somados, esses três consoles venderam alguns poucos milhões de unidades, puxadas principalmente pela versão dos fliperamas, a MVS. Em 2012 uma empresa chamada Tommo lançou uma versão portátil de Neo Geo, com o nome de Neo Geo X, sob licença da SNK. O console, apesar de seu lindo design, que inclui uma réplica do Neo Geo AES que serve para ligar o portátil na TV, apenas emula o hardware original.

Apesar de não ter sido um videogame popular, o Neo Geo deixou um enorme legado: além de todas as franquias de jogos que nele nasceram, o console tinha avanços tecnológicos significativas, como o uso de memory card para gravar o avanço e os pontos nos jogos (foi o primeiro videogame a fazer isso).

Visite também o meu site, o Video Game Data Base. A coluna de games do Lado B tem o apoio da loja Game Square.

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