Em 1994, Sony chegava ao mercado de videogames com o revolucionário PlayStation
No capítulo anterior falamos sobre o Sega Saturn, console que tentou manter o sucesso de seu antecessor (Mega Drive). Mas havia uma “pedra” no sapato da Sega. Um console produzido por uma gigante da indústria de eletrônicos, que apesar de não ter tradição no mercado de games, trazia um projeto surpreendente, que fez inclusive a Sega mudar o projeto do Saturn para tentar competir de igual para igual. Essa “pedra” é o PlayStation.
Na década de 80 a Sony havia se aventurado no mercado de microcomputadores, lançando alguns modelos de MSX no Japão. Apesar de não ser um console de jogos, o MSX tinha grande aplicação para os games. Até entrada para cartuchos esse micro tinha. Mas a empresa queria mais. Um funcionário da empresa, Ken Kutaragi, percebia o potencial dos games e começou a buscar meios de fazer com que a Sony entrasse de vez nesse mercado.
A primeira ideia foi de apoiar uma iniciativa existente: como fã do Famicom (o NES japonês), Kutaragi se aproximou da Nintendo. De cara, já convenceu a empresa a utilizar um chip de som fabricado pela Sony no Super Nintendo. Em seguida as duas empresas criaram parceria para a produção do Play Station. A Sony produziria um console com drive de CD e slot de cartucho compatível com o Super Famicom e a Nintendo produziria um acessório que adicionaria um drive de CD ao seu console de 16bit. O projeto, iniciado em 1989, foi anunciado em 1991, durante a CES (a maior feira de tecnologia da época).
Mas tudo foi abaixo, quando em maio daquele ano, a Nintendo informou à Sony que havia fechado parceria com a Philips e que o projeto Play Station estaria encerrado. A Philips então seria a responsável em fabricar o drive de CD para o Super Nintendo e em contrapartida poderia criar jogos da Nintendo para o seu console, o CD-i. Dizem que uma das razões pela “traição” da Nintendo foi medo de que com o Play Station e Sony ganhasse força e resolvesse entrar de vez no mercado.
E não é que esse medo se justificava? Eis que nascia o projeto PS-X, que depois se tornou o PlayStation (agora sem o espaço entre as duas palavras). A traição da Nintendo deu ainda mais força aos envolvidos no projeto, pois passou a ser quase uma questão de honra na empresa que o console fosse bem-sucedido, para dar uma resposta à Nintendo. A Sony começou a investir em softhouses (uma da própria empresa, a Sony Imagesoft e outra que foi adquirida pela empresa, a Psygnosis), pois a empresa sabia que não bastava apenas um bom console. Ter bons jogos era fundamental.
A Sony então começou a mostrar para o mundo o poder de processamento 3D e de gráficos poligonais do console. Isso espantou a todos e chamou a atenção das grandes softhouses. Entre elas a Namco, tradicional rival da SEGA nos fliperamas e outra que estava sedenta em dar uma resposta à Nintendo, que a tratava como uma softhouse comum. Ela viu na Sony a chance de se tornar a principal desenvolvedora de jogos do novo console. Além do poder do aparelho, a Sony trabalhou muito bem os kits de desenvolvimento de jogos para o console, o que tornou fácil portar jogos de arcade para ele e também criar novos jogos.
Outro fator importante: o custo para a produção dos jogos em CD era mais baixo e menos arriscado que os jogos em cartucho e a Sony trabalhava muito bem a política de pagamento de royalties, cobrando valores menores das softhouses. Soluções melhores também na parte de distribuição dos jogos fez com que a empresa revolucionasse o mercado de games, do ponto de vista da indústria.
Não bastasse isso, o console também era revolucionário. Possuía um hardware poderosíssimo, capaz de produzir três vezes mais polígonos que seu principal concorrente, o Saturn. Em dezembro de 1994, o PlayStation chegava ao mercado japonês, custando cerca de 400 dólares (cinquenta a menos que o Saturn). O principal jogo da linha inicial de lançamento era da Namco: o game de corrida Ridge Racer, que era um port muito bem feito do Arcade. Nesse início, a disputa com o console da SEGA foi bastante parelha, sendo que nenhuma das empresas conseguia hegemonia no mercado.
Nos Estados Unidos, o Saturn chegou primeiro ao mercado, em maio, custando U$ 399. A Sony, em uma tacada de mestre (e com um hardware que tinha custo de fabricação menor), anunciou imediatamente que seu console seria vendido a U$ 299!!! Muita gente decidiu então esperar pelo lançamento do console da Sony. Em setembro o console chega ao mercado, tendo como principal título o mesmo game do lançamento japonês: Ridge Racer. As vendas foram excelentes e aos poucos o console foi se consolidando no mercado.
Em 1996, vários de seus grandes clássicos começaram a surgir: Resident Evil, Tomb Raider (ambos também lançados no Saturn, porém com maior qualidade no console da Sony) e Crash Bandicoot, que acabou virando mascote do console, fizeram sucesso estrondoso e consolidaram ainda mais o console no mercado. Em 1997 veio talvez o game mais emblemático do console: Final Fantasy VII, símbolo total da supremacia do PlayStation, pois a Square, fabricante da série Final Fantasy, até então fazia jogos apenas para consoles da Nintendo. A Sony definitivamente veio para ficar.
Aqui no Brasil o console dominou com folga o mercado, alavancado principalmente pelo mercado de jogos piratas, já que o console e seus jogos jamais chegou a ser comercializado oficialmente por aqui. O console ficou no mercado até 2006 (vida útil no mercado de quase 12 anos!!), vendendo mais de 102 milhões de unidades, sendo elevado para o console mais vendido de todos os tempos até então. Com números tão incríveis, não é à toa que hoje a palavra PlayStation é praticamente sinônimo de videogame.
Confira abaixo alguns vídeos mostrando jogos lançados para o PlayStation e que fizeram história no console. A coluna de games do Lado B tem o apoio do evento Revolution 2015, que acontece no Clube Okinawa, aqui em nossa Capital, nos dias 08 e 09 de agosto. Para maiores informações, visitem o site do evento: http://www.animerevolutionms.com.br. Visite também o meu site, o Vídeo Game Data Base.