História do videogame: SEGA e Atari tentam desbancar a liderança da Nintendo
Na matéria anterior, vimos que a Nintendo dominou o mercado em meados dos anos 80 com o Nintendo Entertainment System – o NES, conhecido no Brasil por “Nintendinho”. Mas outras empresas estavam de olho nesse mercado e lutavam para conseguir um espaço no império que a Nintendo construiu com o NES.
Uma grande empresa fabricante de “árcades”, chamada SEGA, impulsionada por uma baixa no mercado de fliperamas, decide entrar na concorrência dos consoles. O primeiro, o SG-1000 (SEGA Game 1000), foi lançado no Japão em 1983 (na mesma data do lançamento do seu rival, o Famicom da Nintendo) e em alguns países europeus e asiáticos pouco tempo depois. O console foi um fracasso de vendas, principalmente porque seu hardware não era bom o suficiente para rivalizar com o console da Nintendo.
Vendo o fracasso do SG-1000, a SEGA não perdeu tempo, e já em 1985 lançou no Japão o SEGA Mark III, que posteriormente seria rebatizado de Master System. Com certeza, nosso leitor já ouviu falar desse videogame, pois aqui no Brasil ele é vendido nas lojas até hoje, pelas mãos da TecToy, a mesma empresa que o lançou em 1989. O Master System marcou a entrada da SEGA no mercado de consoles dos Estados Unidos, em 1986. Em 1987 ele foi lançado na Europa.
O Master aproveitou bem a experiência mal sucedida da SEGA com o SG-1000 e produziu um console com um hardware excelente para a época, melhor, inclusive, que o do Nintendinho. No Japão, ele era ainda mais poderoso, pois os consoles da terra do sol nascente possuíam um sistema de som FM embutido no console, que deixava o áudio dos games com uma qualidade incrível para aquela época.
Jogos de sucesso dos árcades da SEGA foram portados para ele como After Burner, Space Harrier, Out Run e muitos outros. O Master System também marca a criação do primeiro mascote com boa projeção da SEGA: Alex Kidd, que teve ao todo 4 jogos lançados para o console. O mais marcante deles é Alex Kidd in Miracle World que, a partir da segunda versão do console lançada aqui no Brasil, passou a vir gravado na memória do aparelho, o que fez com que o game ficasse ainda mais popular por aqui.
Mas nem tudo eram flores para a SEGA. A maioria de seus jogos era de produções da própria SEGA, deixando evidente que a empresa não tinha o mesmo suporte das demais desenvolvedoras de jogos como a Konami e a Capcom, que estavam fazendo muito sucesso no Nintendinho, com games como Castlevania e Mega Man. Isso fez com que o console perdesse muito poder de atração para os gamers da época, fazendo com que as vendas nos dois maiores mercados mundiais (Japão e Estados Unidos) ficassem muito aquém do desejado.
No Brasil, diante do grande suporte que a TecToy ofereceu ao Master System, o aparelho foi um sucesso, rivalizando, inclusive, com o Nintendinho e seus diversos clones que inundavam o mercado local. A estimativa é que o console tenha vendido por aqui algo em torno de 5 milhões de unidades (somando Japão e Estados Unidos, as vendas não passaram de 3 milhões. Na Europa o console também teve uma boa aceitação, com quase 7 milhões de unidades vendidas.
Diante da constatação de que o Master System não seria páreo para o NES no mercado, a SEGA tratou de iniciar o desenvolvimento de seu próximo console: o Mega Drive (o qual falaremos em um dos próximos capítulos).
Mas não foi só a SEGA que pretendia destronar a Nintendo da liderança do Mercado. A Atari ainda tentava recuperar o seu espaço, perdido desde seu Atari 2600. Foi então que em 1984 ela anunciou o Atari 7800, que ficaria marcado como o primeiro console retrocompatível da história, pois ele roda os games do Atari 2600 normalmente, sem a necessidade de nenhum adaptador (naquela época era comum a compatibilidade de consoles diferentes através de adaptadores, até mesmo de videogames de marcas diferentes).
Apesar de ser anunciado em 1984 e lançado de forma discreta nesse mesmo ano, a Atari passava por um período de transição, pois a companhia acabara de ser vendida para a empresa dos irmãos Tramiel. Isso fez com que a empresa pausasse o lançamento do 7800, vindo a relançá-lo apenas em 1986. Nesse ano, o Nintendinho já arrebentava no mercado norte-americano e japonês, e para conseguir causar algum impacto seria necessário um console de qualidade indiscutível. Não era o caso do 7800.
Os gráficos eram bem inferiores aos do NES. O som era idêntico ao do Atari 2600, ação necessária para que o console fosse retro compatível. Porém, o som do 2600 já estava totalmente ultrapassado, tornando decepcionante ver (ouvir) um novo console com aquela qualidade de som. Soma-se a isso a falta de “moral” que a Atari tinha no mercado (foi uma das maiores responsáveis pela crise que o setor de games viveu) bem como a falta de suporte de softhouses como Konami e Capcom, fizeram com que o Atari 7800 fosse descontinuado em 1992, com aproximadamente 3.5 milhões de consoles vendidos.
Assim encerramos a era 8bit. Nos próximos capítulos falaremos dos consoles 16bit: Mega Drive, Super Nintendo e Turbografx 16.
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