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Games

História dos Videogames: o Atari 2600 e seu sucesso em terras brasileiras

Edson Godoy | 24/07/2014 06:47
História dos Videogames: o Atari 2600 e seu sucesso em terras brasileiras

A década de 80 é considerada por muitos um período mágico. Ela trouxe diversos ícones para a cultura pop mundial e brasileira, com filmes como De Volta para o Futuro e Rambo, com bandas como Pet Shop Boys e a brasileira RPM, bem como diversas inovações tecnológicas que aos poucos começaram a fazer parte do dia a dia do brasileiro, como os primeiros microcomputadores, em especial o MSX, que foi bastante vendido por aqui, principalmente em razão do suporte dado por Gradiente e Sharp.

Além desses ícones históricos, há um aparelho que chegou no Brasil na década de 80 e que mudou para sempre a vida de muitos brasileiros: o videogame. Com certeza o primeiro que vem a mente do leitor é o Atari 2600, conhecido aqui apenas como Atari. Ele não foi o primeiro videogame, porém foi o primeiro que atingiu sucesso suficiente para popularizar um mercado que até então era desconhecido dos brasileiros, e ainda restrito a poucos.

O Atari 2600 foi lançado nos Estados Unidos em 1977, atingindo grande sucesso por lá. Foi ele que popularizou o sistema de troca de cartuchos nos videogames, pois até então, boa parte dos consoles produzidos tinham apenas jogos em sua memória e não poderiam ser alimentados com novos jogos. Um bom exemplo é o Tele-jogo, que foi o primeiro videogame comercializado oficialmente no Brasil, lançado em 1977 por uma parceria entre Ford e Philco. O Tele-jogo possuía 3 jogos na memória: futebol, tênis e paradão, todos com gráficos simples ao extremo, sem opção de inserir novos jogos.

Naquela época vigorava no Brasil uma lei de reserva de mercado, que proibia a importação de componentes e equipamentos eletrônicos e de informática. Isso fez com que todas as novidades nessa área não conseguissem entrar no Brasil de forma lícita sem que fossem produzidas por aqui. Diante disso, empresas brasileiras começaram a copiar os hardwares dos videogames estrangeiros (em especial o Atari) e assim começaram a ser lançados aqui no começo da década de 80, diversos consoles compatíveis com o Atari 2600, tais como o Dynavision e o Dactari. Apenas no final de 1983 é que o Atari chegou oficialmente no país, pelas mãos da Polyvox, uma subsidiária da Gradiente.

Naquele tempo, o Atari começou a estourar de vez no Brasil, pois juntou a grande gama de consoles e jogos já lançados pelas empresas “clone” brasileiras, com o console oficial e os games vendidos com o selo da Atari. E quantos games inesquecíveis essa época nos trouxe: Pitfall, Enduro, River Raid, Adventure (o primeiro jogo que eu lembro em que era possível terminar/zerar o game), Keystone Kapers (jogo do policial que corria atrás do bandido dentro de um shopping), Pac-Man, Decathlon (famoso por destruir controles) e muitos outros.

Nesse período, outras empresas, percebendo o sucesso da Atari no Brasil, lançaram dois consoles concorrentes: o Mattel Intellivision, lançado no Brasil pela Digiplay, e o Magnavox Odyssey, lançado por aqui por sua subsidiária brasileira, a Philips. Ambos obtiveram relativo sucesso por aqui, mas sem tirar o brilho do videogame da Atari. A própria Atari, temendo a concorrência desses consoles e do Colecovision (não lançado no Brasil), lançou nos Estados Unidos um novo console chamado Atari 5200. Falaremos com mais detalhes desses aparelhos nas próximas matérias deste especial.

Se no Brasil tudo ia bem, nos Estados Unidos não se podia dizer o mesmo, pois uma grande crise praticamente acabou com o mercado de videogames americano. Por lá, diversos consoles haviam sido lançados, e muitos e muitos jogos (a maioria ruins), amargavam o encalhe nas prateleiras. E acredite, a Atari foi uma das grandes responsáveis por essa crise, devido a diversas decisões erradas tomadas pela empresa. A mais célebre é referente ao jogo do filme E.T., que devido a um lançamento precipitado (um jogo na época tinha tempo mínimo de desenvolvimento de 3 meses... E.T. foi desenvolvido em 5 semanas e meia!!), o game lançado era “injogável”, carregando até hoje o título de “um dos piores jogos de todos os tempos”. E o problema não se resumia a isso: a Atari teve a brilhante ideia de produzir uma quantidade de cartuchos do E.T. muito superior à base de consoles vendidos, imaginando que o jogo faria tanto sucesso que eles conseguiriam vender mais aparelhos com ele.

A ideia obviamente não deu certo. O jogo, apesar de ter vendido 1.5 milhão de cópias, teve algo em torno de 3 milhões de unidades encalhadas. Levando em consideração o investimento que a Atari fez para obter a licença do jogo e para a fabricação dos cartuchos, o prejuízo chegou a cerca de 100 milhões de dólares aos cofres da empresa, uma cifra astronômica para a época. Toda essa situação gerou o malfadado episódio do enterro dos cartuchos realizados pela Atari em alguns desertos dos Estados Unidos, sendo que um desses aterros foi localizado recentemente por uma equipe de escavadores durante a realização de um documentário financiado pela Microsoft e que irá ao ar para os usuários dos consoles Xbox.

No Brasil, diante das limitações trazidas pela legislação da época para a realização de importações, nada dessa crise foi sentida e a indústria do videogame local seguia a todo vapor. E assim se seguiu até 1989, quando começaram a surgir por aqui os primeiros clones do console da Nintendo, o NES (conhecido por Nintendinho por aqui). Mas isso também é assunto para os próximos capítulos.

Na terça-feira, como tradicionalmente ocorre na última coluna do mês, traremos uma lista com todas as novidades previstas para agosto. Visite e curta nossa fan page no Facebook clicando aqui.

A coluna de games do Lado B tem o apoio do Museu do Videogame.

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