História dos videogames: quem eram os concorrentes da gigante Atari no Brasil?
Vimos na primeira matéria do especial “História dos Videogames” que o Atari foi o videogame dominante no Brasil até o final da década de 80, quando então começaram a surgir no mercado nacional os primeiros consoles do sistema NES (o nintendinho). Mas quem eram os rivais da Atari, que tentaram de todas as formas retirá-la do topo do mercado de consoles?
O primeiro a entrar na briga foi o MagnavoxOdyssey2, lançado nos Estados Unidos em 1978 e aqui no Brasil em maio de 1983, lançado pela Philips (no Brasil ele foi lançado como apenas como Odyssey, pois o primeiro Odyssey, um aparelho bem mais rústico e primitivo, foi lançado nos Estados Unidos em 1972). O console fez bastante sucesso por aqui, pois a Philips ofereceu bastante suporte para o aparelho. Era comum encontrar jogos para ele sendo oferecidos nas lojas. Além do mais, alguns jogos foram trazidos para o Brasil com temas locais, como o jogo Pick-Axe Pete que chegou aqui com o nome de Didi na Mina Encantada, em alusão ao mais famoso Trapalhão, Didi Mocó.
Além disso, o console trazia uma gama de jogos de qualidade, como o Come-Come (clone descarado do Pac-Man, mas que trazia uma jogabilidade muito mais interessante), Tartarugas (game lançado pela Konami, também no estilo de labirinto), Senhor das Trevas, Popeye (melhor que a versão lançada para o Atari 2600), dentre outros.
Ainda foram lançados jogos especiais, em que eram mescladas as ações do game com um jogo de tabuleiro que acompanhava o cartucho, tudo isso em uma edição de luxo, bem no estilo das atuais edições de colecionador. O Odyssey chegou a fazer mais sucesso aqui do que nos Estados Unidos. Mesmo assim, não foi páreo para o Atari 2600, que continuou dominando o mercado, pois o Odyssey, apesar de ser um console muito bom, era considerado pelo público como inferior ao Atari em termos gráficos e isso fez diminuir o interesse por ele.
O segundo console a entrar na briga foi o MattelIntellivision, lançado nos Estados Unidos em 1979 e aqui no Brasil em dezembro de 1983, pelas mãos da Sharp (através de uma de suas subsidiárias, a Digiplay). De início o Intellivision causou frisson no mercado nacional pois seus gráficos eram claramente superiores a qualquer outro console disponível no mercado brasileiro. Isso se deve principalmente devido ao seu hardware, que tinha uma CPU de 16 bit. Ele é considerado o primeiro console de 16 bit da história, apesar de que em termos de qualidade gráfica, não se compare aos 16 bit mais famosos, como o Mega Drive e o Super Nintendo.
Assim como o Odyssey, o Intellivision recebeu bons jogos, tais como versões dos clássicos Pitfall e River Raid, e também jogos exclusivos como AdvancedDungeons&Dragons, Hover Force e muitos outros. Apesar da mencionada superioridade gráfico, o console não conseguiu atingir o mesmo sucesso no Brasil que o Odyssey e não foi qualquer ameaça para o reinado do Atari por aqui.
Outros dois consoles foram lançados nos Estados Unidos nessa mesma época, mas não chegaram a ser lançados oficialmente aqui. O primeiro deles é o Colecovision, lançado em 1982 em terras norte-americanas, ele foi o primeiro console da história que conseguia reproduzir com fidelidade quase que 100% os jogos dos fliperamas na tela da tv. O jogo que acompanhava o console, o famoso Donkey Kong da Nintendo, já demonstrava isso.
Já no ano seguinte, 1983, o Colecovision fazia um retumbante sucesso nos Estados Unidos, praticamente destronando o Atari 2600. Porém, a empresa decidiu dividir esforços e investiu na produção de um microcomputador, chamado de ADAM, que não deu certo e fez com que a Coleco, empresa fabricante dos hardware, perdesse milhões de dólares. Somando a isso a crise que o setor de videogames enfrentou em 1983, a empresa foi vendida a o console foi descontinuado.
O outro console da época não era para ser concorrente do Atari 2600, mas sim o seu sucessor. Batizado de 5200, o novo console da Atari foi lançado em 1982 e prometia revolucionar o mercado, levando a emoção dos fliperamas para a casa, com a vantagem de ter a tradição do nome Atari e os jogos de todas as franquias que a gigante americana possuía na época lançados para ele.
Tudo isso seria verdade e daria certo se a Atari não tivesse cometido um erro fatal na engenharia do console: o controle. Considerado o pior controle da história dos videogames, o “joystick” do Atari 5200 foi o calcanhar de aquiles do novo console, pois além de ser extremamente impreciso, era frágil e defeituoso. Raros eram os casos em que o controle durava mais de 1 mês funcionando normalmente.
Outro erro fatal da Atari com o 5200: ele não era retrocompatível com os jogos do Atari 2600. Erro aliás, comum até nos dias de hoje, não é mesmo Microsoft e Sony? Até mesmos os competidores do 5200, Intellivision e Colecovision, lançaram adaptadores para rodar jogos do Atari 2600, tamanha era a importância que isso tinha para o mercado na época.
Vimos então que até o final da década de 80 o Atari 2600 reinou soberano no Brasil. Porém, nessa época, uma empresa japonesa que começou a ganhar notoriedade nos fliperamas em meados da década de 80 e que estava arrepiando o mercado de games nos Estados Unidos e no Japão com seu novo console, o NES (Famicom), começou a dar os ares por aqui e a fazer história no mercado brasileiro de games.
Ainda tivemos nessa mesma época outra empresa japonesa, apoiada no Brasil pela TecToy, que trouxe um console que até hoje é vendido em lojas pelo Brasil: o Master System.
E assim fechamos o 2º capítulo do nosso especial “História dos Videogames”. No 3º capítulo falaremos mais desses dois gigantes da era 8 bit: o NES e o Master System.
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