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Games

O sucesso do primeiro console da Nintendo e de seus clones brasileiros

Edson Godoy | 04/09/2014 06:49
O sucesso do primeiro console da Nintendo e de seus clones brasileiros

Vimos nos capítulos anteriores que o maior mercado de games do mundo, o norte-americano, entrou em grave crise no ano de 1983. Grandes empresas do ramo faliram ou entraram em grave crise e os analistas de mercado da época chegavam a dizer que o produto videogame não teria mais espaço na indústria e no comércio.

Eis então que surge uma empresa japonesa, chamada Nintendo, que lança no Japão 15 de julho de 1983 o Family Computer, conhecido popularmente como Famicom, juntamente com 3 jogos que faziam sucesso nos árcades da época: Donkey Kong, Donkey Kong Jr. e Popeye. Em pouco tempo o console já se tornou um sucesso de vendas, chegando a marca de 2.5 milhões de unidades vendidas em dois anos, apenas no Japão.

Diante de tamanho sucesso, a chegada ao mercado norte-americano era questão de tempo. A Nintendo tentou já em 1983 lançar o console no Estados Unidos através da Atari, mas não houve acordo e então a empresa decidiu lançar o aparelho por meios próprios. Eis que no final de 1985 chega ao mercado americano em caráter experimental o NES – Nintendo Entertainment System. De início as vendas não foram boas, ainda reflexo do descrédito dos consumidores com videogames, o que fez a Nintendo retardar o lançamento a nível nacional, que ocorreu em setembro de 1986.

A estratégia de Nintendo foi fazer com que o consumidor não pensasse que estava levando pra casa “apenas” um videogame, mas sim um centro de entretenimento. Isso porque a palavra videogame, por causa da crise de 83, ainda soava mal no mercado consumidor. Qualquer coisa com esse nome simplesmente não venderia. Para fazer valer essa afirmação, a Nintendo investiu pesado em marketing e também em tecnologia, como o robozinho R.O.B. e a pistola “Nintendo Zapper”, que acompanhavam alguns modelos do NES naquela época, e davam ao consumidor uma impressão de alta tecnologia ao produto. De fato não parecia ser “apenas” um videogame.

Outra sacada da Nintendo: “Official Nintendo Seal ofQuality” – o selo de qualidade que estampava todos os jogos licenciados da Nintendo, que combatia exatamente uma das maiores causas da crise de 83: a falta de bons jogos. E de fato, aquele selo chamava muita a atenção. Mas não bastaria apenas o selo se o conteúdo da embalagem não tivesse qualidade. Foi aí que o NES caiu nas graças do consumidor: seus jogos eram fantásticos para aquela época. A simplicidade da geração Atari 2600 tinha ficado para trás. O principal game lançado inicialmente para ele tem um nome bastante familiar: Super Mario Bros. Estava criada a maior franquia da Nintendo.

O sucesso foi enorme. Milhões de unidades vendidas e dominação do mercado mundial até o início da década de 90. Seus adversários, o Atari 7800 e o SEGA Master System, não faziam sequer cócegas ao domínio que a Nintendo exercia (o Master System ainda conseguiu grande sucesso no Brasil e na Europa, o que falaremos mais no próximo capítulo). Em determinado momento, o NES chegou a ocupar 30% de todas as casas dos Estados Unidos. No total, o NES (juntamente com sua versão japonesa, o Famicom) vendeu mais de 61 milhões de unidades no mundo todo e continua figurando na lista dos consoles que mais venderam no mundo.

No Brasil o Nintendinho foi lançado oficialmente apenas em 1993, através da Playtronic. Porém, já em 1989 o Brasil começou a ser inundado por clones do famoso console da Nintendo. Lembrando que nessa época ainda vigia no Brasil a Lei de Reserva de Mercado, que proibia a importação de produtos eletrônicos, o que fez com que a indústria nacional, assim como fez com o console Atari 2600, começasse a produzir aqui consoles e cartuchos compatíveis com o NES. Os primeiros clones foram lançados pela CCE (Top Game VG-8000) e Dynacom (Dynavision2). Em seguida saíram o Phantom System da Gradiente e o Bit System da Dismac. Todos eles fizeram bastante sucesso no país. Além desses 4, diversos outros clones foram lançados. Foi então que em 1991, com a queda da Lei de Reserva de Mercado, a Nintendo viu uma brecha para entrar no país de forma oficial.

Foi aí que surgiu o acordo para que a Playtronic (formada em parceria entre Gradiente e a fabricante de brinquedos Estrela), finalmente trouxe, em 1993, o NES para o Brasil, juntamente com diversos jogos. Mas diante do tardio lançamento, o NES oficial não foi um grande sucesso de vendas aqui. Isso porque já existiam consoles mais potentes no mercado, com destaque para o Mega Drive, que assim como o Master System, era comercializado pela TecToy.

Ainda em 1993, era lançado nos Estados Unidos e Japão uma nova versão do NES, mais compacta e mais barata, que tinha o objetivo de popularizar ainda mais o console.

Posteriormente, com o lançamento do Super Nintendo, aos poucos o querido NES foi sendo deixado de lado por consumidores e pela própria Nintendo, que o descontinuou nos Estados Unidos em 1995 e no Brasil em 1996. Porém, no Japão, a Nintendo fabricou o Famicom até 2003 e forneceu serviço oficial de manutenção nos aparelhos até 2007. Realmente incrível!!

Finalizamos aqui o terceiro capítulo da nossa saga!! Na próxima matéria deste especial, falaremos sobre o SEGA Master System e seu antecessor (o pouco conhecido SEGA SG-1000), bem como sobre o Atari 7800.
Ah, e se por um acaso você perdeu os capítulos anteriores, segue o link das matérias:1º capítulo e 2º capítulo.

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