Será que os jogos eletrônicos podem aumentar a massa cinzenta dos gamers?
Que os videogames são uma ótima forma de divertimento, ninguém duvida. Esse divertimento, por si só, já traria ótimos benefícios para quem joga. Mas os games tem diversas outras qualidades que ajudam a melhorar a saúde de crianças, adolescentes e adultos. Sim!!! Tem coisa boa para todo mundo!!! Assim como falamos na matéria de terça-feira sobre a relação dos games com os jogos violentos, vários estudos foram conduzidos para atestar se os games traziam benefícios ou malefícios para seus jogadores.
Em 2013, uma pesquisa conduzida pela Charité University Medicine St. Hedwig-Krankenhaus da Alemanha, submeteu um grupo de adultos por um período de dois meses a jogar o game Super Mario 64 todos os dias, enquanto outro grupo ficava sem jogar nada. O resultado? O grupo que jogou todos os dias teve aumento da massa cinzenta, onde ficam as células nervosas, em partes do cérebro diretamente ligadas às funções cognitivas do órgão pensante. Os pesquisadores pretendem agora utilizar o videogame no tratamento de doenças que diminuem o cérebro, como o Mal de Alzheimer.
Em 2007, a Universidade de Rochester nos Estados Unidos conduziu testes que comprovaram que 30 horas de jogo em um game de tiro melhora significativamente a habilidade de enxergar objetos pequenos à distância. A mesma universidade, em testes realizados em 2009, concluiu que as pessoas que jogam comumente jogos de ação melhoram em 58% a percepção de contrastes. Jogue videogames e tenha olhos de lince (risos).
Ainda em Rochester, agora em 2010, concluiu-se que os jogadores de videogames desenvolvem um alto nível de sensibilidade sobre o que acontece ao seu redor, o que os ajuda na tomada de decisões: tanto para decidir corretamente, quanto para decidir rapidamente (25% mais rápido). O cérebro dos jogadores fica mais eficiente na recepção e processamento de informações visuais e sonoras.
Já a Universidade de Oxford concluiu que jogar Tetris evita o desenvolvimento de estresse pós-traumático. O motivo: os blocos do game interferem no processo de armazenamento de memória do cérebro, tornando mais difícil a retenção de lembranças traumáticas, cujo doente revisita através de flashbacks.
Os games ainda conseguem trazer benefícios especificamente para as mulheres. O sexo feminino, por questões biológicas, possui geralmente mais dificuldade com questões espaciais (ex: localização). Mulheres que jogam regularmente conseguem trabalhar melhor com objetos tridimensionais, melhorando sensivelmente suas habilidades espaciais. Depender do GPS, nunca mais!
Outra característica que nem precisa de pesquisa para confirmar: os videogames ajudam muito ao aprendizado de outras línguas, em especial o inglês. Isso era ainda mais forte até alguns anos atrás, quando pouquíssimos jogos eram traduzidos para o português. Hoje a localização de jogos para nossa língua pátria aumentou bastante. Mas ainda assim é possível praticar e aprimorar o conhecimento de línguas estrangeiras e ainda por cima se divertir com um bom game.
Com o advento dos jogos que utilizam o movimento corporal como controle, os benefícios dos jogos eletrônicos aumentaram ainda mais, melhorando características como coordenação motora e condicionamento físico. Sensacional esse tal de videogame, não? Diverte e melhora características humanas importantes para todos, homens e mulheres, crianças e adolescentes, adultos e idosos.
Bom, diante de tantas qualidades positivas, sobra espaço para alguma coisa negativa? Pois é. Nem tudo são flores. Mas calma! Qualquer coisa negativa relacionada aos videogames está ligada a um fator que torna praticamente tudo negativo: o excesso. Tudo em excesso atrapalha. Essa é uma verdade quase que universal. Os games não são exceção a essa regra.
A Universidade de Oxford conduziu estudo em 2014 que relaciona o melhor ajustamento de crianças e adolescentes ao meio social com base na quantidade de horas jogadas por cada um. Concluiu-se que os que jogavam menos de uma hora por dia (considerando somente os dias da semana) eram melhor ajustadas ao meio social do que pessoas que não jogavam videogame. O estudo foi feito com 5 mil jovens entre 10 e 15 anos de idade. Porém, à medida que o nível de jogatina aumenta, o ajustamento social diminuiu na mesma proporção. Lembrando que estamos falando de jogatina realizada apenas durante os dias de semana (no final de semana, dá para extrapolar um pouquinho).
Mas não pense você que basta não exagerar no videogame que está tudo certo. Extrapolar no tempo da jogatina ou extrapolar o tempo na frente do computador ou ainda nos smartphones, causam os mesmos efeitos negativos, como a ansiedade e a insônia. Mas como saber dosar o tempo ideal de jogatina diária, de forma que os benefícios sejam usufruídos (incluindo claro, a diversão) sem qualquer problema? Especialistas apontam que duas horas por dia fica de bom tamanho. Como tudo na vida, moderação é a palavra-chave.
Pra matar a saudade, já que mencionei ele na matéria, segue um vídeo do Super Mario 64 do Nintendo 64, console de meados da década de 90.
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