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Sabor

“Churrasquinho de Wagyu?" Carne de luxo do Japão tem versão mais barata em MS

Ângela Kempfer | 20/08/2013 07:40
Churrasquinho de carne do Japão.
Churrasquinho de carne do Japão.

O tempero não muda muito em comparação ao gosto clássico, só tem um pouco mais de pimenta. Mas a primeira mordida no churrasquinho indica que a propaganda pode ser verdadeira.

O contra filé de gado da raça Wagyu é bem menos fibroso, mais macio, e olha que experimentei a versão sul-mato-grossense que nem é a 100% japonesa e sim o resultado de uma mistura de raças.

“Wa” de Japão, “gyu” de gado e a carne ganha um nome tão diferente quanto o preço em relação aos outros cortes o Brasil. A peça de contrafilé inteira da raça pura, por exemplo, é vendida por R$ 4,4 mil, são R$ 558 por quilo.

Mas em Mato Grosso do Sul, para um simples mortal também ter acesso e o produtor conseguir vender, a mistura da raça com o nelore e o manejo no pasto, baratearam os custos.

Com a estratégia, o quilo de cortes como a picanha, pode ser comprado por R$ 52,00. Apesar disso, continua bem mais que o dobro do valor da carne convencional, que custa entre R$ 20,00 e R$ 25,00.

Na fazenda da família Hisaeda, em Terenos, a diferença primordial é que as cerca de 6 mil cabeças de gado comem capim e não se alimentam apenas de ração, como fazem tradicionalmente os japoneses.

No oriente e em algumas fazendas brasileiras, criar o gado Wagyu acaba custando uma fortuna. Reza a lenda que o gado que teve origem na região de Kobe só come grãos e passa o dia ouvindo música e recebendo massagens para que a gordura seja bem distribuída, tudo para garantir a maciez da carne.

Para o criador que leva tudo ao pé da letra, até o marmoreio - quantidade de gordura entre as fibras - é medido com ultrassonografia. Até a picanha, segundo os japoneses tem uma gordura diferente, “marmorizada”, por conta do passado de mordomias do Wagyu.

Os sêmens que chegaram a fazenda Hisaeda vieram do Japão há 15 anos, carregados da genética da mordomia. Mas aqui houve o cruzamento com o nelore. "Hoje sou o único criador desse tipo de Wagyu, também só eu vendo aqui. É difícil alguém se interessar porque dá muito trabalho", diz o pecuarista e empresário Toshio Hisaeda.

Aqui em Campo Grande, a carne Wagyu Nelore está no cardápio do Restaurante Dona Maria, na Ernesto Geisel e também em dois açougues da cidade: o Xangai, na rua Pernambuco, e o Boi Gordo, na 14 de Julho.

“Não interessa o preço para quem conhece. Quem gosta, vem comprar porque tem gosto de carne mesmo", garante o senhor Toshio.

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