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Sabor

Em saltenharia, pedido é para viagem porque aqui ninguém cozinha como "Nandinho"

Paula Maciulevicius | 18/02/2015 06:34
Não adianta ensinar passo a passo que fazer saltenha igual a do Nandinho é praticamente impossível. (Foto: Marcos Ermínio)
Não adianta ensinar passo a passo que fazer saltenha igual a do Nandinho é praticamente impossível. (Foto: Marcos Ermínio)

No balcão da saltenharia mais tradicional da Cidade Branca, os pedidos são sempre para levar o salgado congelado. O destino? Em parte é Campo Grande e a justificativa dada aos atendentes é de que aqui não se faz saltenha como Corumbá. Pelo menos é isso que o corumbaense pensa.

O lugar, na Rua Dom Aquino Corrêa, tem uma fachada normal, poucas mesas, mas uma propaganda que não é possível descrever em palavras. O cheiro da saltenha saindo do forno no final de tarde chega a dar água na boca. O prato vem à mesa com garfo e faca e a Coca-cola de garrafa de vidro é predominante, já que o antigo refrigerante "Mate Chimarrão", produzido em Corumbá, ficou no passado.

A dona Maria Tereza de Arruda, de 34 anos, está à frente do negócio, junto da sócia, há 8 anos. "Quando eu comprei já tinha este nome e eu não quis trocar porque já era conhecido", explica. "Nandinho", segundo a sócia-proprietária, era o apelido do filho da dona, de família boliviana. No total, já são duas décadas de portas abertas.

A dona abre um sorriso largo na hora de dizer que faz a melhor saltenha da Cidade Branca. (Foto: Marcos Ermínio)
A dona abre um sorriso largo na hora de dizer que faz a melhor saltenha da Cidade Branca. (Foto: Marcos Ermínio)

Quando a gente chega, se apresenta e diz que veio falar da melhor saltenharia da cidade, Maria Tereza e os atendentes abrem um sorriso largo. "Eu também acho. Quando eu resolvi trabalhar em outro ramo, estava buscando uma coisa nova, era freguesa e ela ofereceu para minha sócia. Já achávamos que era a melhor daqui", brinca.

A proprietária anterior foi quem ensinou a receita que com o tempo foi sendo incrementada. Em dias normais, sem festividade, a saltenharia vende em torno de 250 salgados por dia. Já nas épocas de Carnaval ou festivais, as vendas podem passar de mil.

"E a gente acha que a receita é boliviana, mas veio da Argentina. É bastante tradição lá e hoje aqui também", avalia.

A coloração "amarelinha" vem da semente de urucum. (Foto: Marcos Ermínio)
A coloração "amarelinha" vem da semente de urucum. (Foto: Marcos Ermínio)

A massa é a base de trigo e leva açúcar, sal e banha de porco. A coloração "amarelinha" vem da semente de urucum. No recheio vai frango desfiado, batata, uva passa, ervilha e ovos. Depois de fechada, a saltenha vai ao forno em 250 graus por 15 minutos. Não adianta ensinar passo a passo que fazer igual é praticamente impossível.

Como a gente não é da cidade, precisa perguntar para os clientes assíduos se a saltenharia do Nandinho merece toda fama mesmo. A resposta vem do ferroviário aposentado, Valdir Cruz, de 71 anos. "É a melhor do mundo, 100% em tudo. Eu como umas duas, ou três, porque o estômago é pequeno, senão até caberia mais", brinca seu Valdir.

A saltenharia abre das 7h30 da manhã até 18h30 oferecendo do café da manhã ao jantar. Maria Tereza tem e muito interesse em trazer a receita para a Capital e se diz aberta para quem quiser lhe conceder um ponto em Campo Grande. "Isso pode ser um atrativo para o Estado", reforça. E seria uma boa, a saltenha é mesmo uma delícia.

O lugar, na Rua Dom Aquino Corrêa, tem uma fachada normal e uma propaganda que ganha a gente pelo cheiro. (Foto: Marcos Ermínio)
O lugar, na Rua Dom Aquino Corrêa, tem uma fachada normal e uma propaganda que ganha a gente pelo cheiro. (Foto: Marcos Ermínio)
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