Em um ano, número de morcegos recolhidos pelo CCZ aumenta 47%
O número de morcegos recolhidos em Campo Grande pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) subiu 47% em relação ao ano passado. Em 2013, foram 197 animais capturados, enquanto que desde janeiro até este mês foram 289, e um deles identificado com o vírus da raiva. Desde 2011, nenhum animal foi diagnosticado com raiva na Capital e o último caso em humanos ocorreu há 46 anos.
Os morcegos são animais silvestres da fauna brasileira protegidos por Lei Federal e mesmo sendo um dos portadores do vírus da raiva é proibido o extermínio da espécie, considerada essencial para o controle da população de insetos, como o mosquito da dengue. Além disso, os morcegos, assim como os pássaros, espalham sementes que ajudam na preservação do meio ambiente.
A médica veterinária do CCZ, Ana Paula Nogueira, explica que até hoje no município foram encontrados apenas morcegos insetívoros, que se alimentam de insetos e frugívoros, de frutas. A espécie que sobrevive só de sangue, chamada de hematófagos ou vampiros, ainda não foi encontrada na cidade. Mesmo assim, a veterinária alerta que todos eles podem transmitir a raiva só pelo contato e não devem ser manuseados por ninguém, mesmo estando morto. “Devemos evitar o contato direto com os morcegos e manter cães e gatos longe deles”, diz.
Em caso de encontrar o animal vivo ou morto, o órgão deve ser acionado. “A gente orienta o solicitante a colocar um balde ou uma caixa em cima do animal e aguardar a chegada do CCZ. Não se deve colocar o bicho em vidro com álcool, porque depois não tem como fazer o exame para saber se o morcego estava com a doença”, alerta a médica. Se o animal estiver no forro de um imóvel ou em árvores são feitas orientação quanto ao manejo deles. Em média, o órgão recolhe 20 morcegos mortos por dia e todos passam por exames que identificam algum tipo de doença.
Na semana passada, o fotógrafo do Campo Grande News, Marcelo Calazans, flagrou um morcego em um pé de buriti, no Bairro Los Angeles, região Sul da cidade. Ele disse que na árvore havia uma colônia do bicho, mas em situação normal. Como por aqui não há caverna, os mamíferos gostam de ficar escondido entre as folhagens.
Também na mesma semana, o construtor Luciano Secco, 34 anos, encontrou um morcego caído em frente a uma loja na rua Pedro Celestino, no Centro. Ele acionou o CCZ, porque achou estranha a coloração avermelhada do mamífero. “Ele havia caído de uma árvore. Achei diferente a coloração avermelhada do animal, pensei que pudesse ser de espécie diferente das encontradas aqui”, conta. Porém, a médica veterinária que recebeu o morcego no CCZ diz que ele caiu em uma poça de lama e ficou marrom.
O coordenador do programa de controle de raiva dos herbívoros da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), Fábio Shiroma de Araújo, explica que a coloração pode variar de preto até castanho avermelhado, mas alerta que por ter hábitos noturnos, todo morcego encontrado de dia pode estar doente ou desorientado e que a possibilidade de estar contaminado pelo vírus da raiva é grande. Na primavera é mais comum encontrar os animais, por ser período de reprodução.
O CCZ deve ser acionado toda vez que um morcego for localizado em área urbana pelos telefones 3313-5000 e 3313-5012. No entanto, observar os morcegos em situação normal não é motivo de alarde.