Operação da PF contra tráfico de aves prende policial aposentado em MS
O preso negou as acusações e foi transferido para Campo Grande
A Operação Estalo, deflagrada hoje pela PF (Polícia Federal), prendeu um policial civil aposentado em Corumbá. Ele, que não teve o nome divulgado, usava a condição de policial para fazer a travessia das aves na fronteira com a Bolívia. O acusado chegava a receber R$ 3 mil por carregamento.
De acordo com o delegado da PF, Alexandre Nascimento, o preso prestou depoimento e foi transferido para Campo Grande. Ele negou as acusações. Também foi cumprido mandado de busca e apreensão em sua casa, mas nada foi encontrado.
Falta ser cumprido um mandado de prisão preventiva em Corumbá. Os policiais também foram a um imóvel que pertence a uma pessoa cujo mandado de prisão será cumprido em São Paulo.
Em Mato Grosso do Sul, a operação teve desdobramento em Ponta Porã (mandado de prisão temporária e de busca e apreensão) e Campo Grande (mandado de busca e apreensão).
Ao todo, são 20 mandados de prisão preventiva, 2 temporárias, 7 conduções coercitivas e 33 mandados de busca e apreensão em Pernambuco, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Ceará, Amazonas, Santa Catarina, Roraima e Distrito Federal.
Conforme a polícia, os canários, que podem valer até R$ 100 mil numa rinha, são trazidos do Peru, Equador e Venezuela. Do Peru, as aves são transportadas até a Bolívia e entram no país por Corumbá. Em seguida, são enviadas para São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal.
De acordo com a Polícia Federal, as aves são adquiridas por valores entre R$12 e R$ 15. No mercado clandestino dos atacadistas, os valores vão de R$130 a R$ 220. Por fim, alcançam o mercado interno, onde são negociados por revendedores locais a preços que de R$ 200 a R$ 300.
No último ano, foram mais de 12 mil canários apreendidos nas rodovias e aeroportos de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, Distrito Federal, Ceará, Pernambuco e Amazonas.
Esquema - Para legalizar as aves que entram de forma ilegal no Brasil, os suspeitos fraudavam sistemas federais de controle, com falsificações e adulterações de marcações, conhecidas como anilhas.
Dentre os envolvidos, ao menos oito possuem cadastro como criadores amadoristas, alguns com licença cancelada pelo Ibama. Também foi identificada a utilização de documentos judiciais e administrativos, como autos de depósito e termos de nomeação de fiel depositário, para camuflar as aves mantidas nos planteis clandestinos.
Boletins de ocorrência policial também foram utilizados para justificar a comercialização irregular das aves pelos criadores amadoristas cadastrados.
Nos últimos dez anos, o Ibama aplicou multas de R$ 30 milhões relativas a transporte clandestino, comércio ilícito e manutenção em cativeiro desses animais. A condenação pelos crimes pode chegar a 50 anos de prisão.
Em 2011, uma operação do Ibama em Mato Grosso do Sul flagrou 339 pássaros irregulares e emitiu R$ 523 mil em multas. Na ação, que durou uma semana, 30 criatórios foram fiscalizados.
Coordenadora do núcleo de fauna do Ibama/MS, Paula Mochel Pereira Lima explica que o Estado funciona como corredor, sem registro de ocorrência de rinhas de canário.