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Política

Assembleia debate racismo e homofobia, com eleição de Feliciano

Zemil Rocha e Luciana Brazil | 13/03/2013 15:56
Amarildo apresentando moção nesta quarta (Foto: Giuliano Lopes)
Amarildo apresentando moção nesta quarta (Foto: Giuliano Lopes)

A polêmica nacional em torno da escolha do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal chegou à Assembleia Legislativa do Estado, com debates acalorados entre os deputados estaduais. Eleito na quinta-feira da semana passada, o novo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara é uma figura polêmica, sendo alvo de processos judiciais por homofobia e estelionato. Feliciano é presidente da igreja Tempo de Avivamento e tem posições contrárias ao casamento gay e ao direito ao aborto.

O debate na Assembleia, na sessão desta quarta-feira, começou quando o deputado estadual Amarildo Cruz (PT), apresentou moção de repúdio contra Marco Feliciano, já bastante criticado ontem pelo deputado petista Pedro Kemp, atraindo, porém, a defesa de outros parlamentares.

Ocupando a tribuna da Assembleia, Cruz condenou Feliciano por manifestações que considera racistas. Anos atrás, Feliciano chegou a afirmar que "o amor entre pessoas do mesmo sexo leva ao ódio e ao crime" e que "os africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé". Para o deputado petista, Marco Feliciano sabia muito bem o que estava falando, embora atualmente pretenda desdizer. “As coisas que o deputado disse feriram a mim, à minha família, porque eu sou negro. Eu e o Cabo Almi são os dois únicos deputados negros num estado onde 42% da população é negra”, afirmou Amarildo Cruz.

Marquinhos Trad (PMDB), que é presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final da Assembleia, estranhou a moção de repúdio de Amarildo Cruz. “O senhor não se sentiu incomodado quando o deputado Jean (ex-big brother) disse que os cristãos são doentes e porcos?”, questionou o peemedebista. “Ou então se sentiu incomodado, mas se omitiu”, afirmou ele. Observou ainda que o PT nada fez quando o senador Ranan Calheiros (PMDB) foi eleito para a presidência do Senado. “A atitude deveria ser a mesma quando Renan Calheiros assumiu”, cobrou Marquinhos. Para ele, seria “surreal” querer tirar Faleciano da presidente da Comissão de Direitos Humanos.

Respondendo a Marquinhos Trad, o deputado Amarildo disse que se sentiu sim ofendido com as palavras de Jean, mas que isso não o impedia de se manifestar agora contra a eleição de Marco Feliciano e suas falas, que considera racistas e homofóbicas. “Tenho o dever de ocupar a tribuna como cidadão e como homem público para repudiar uma atitude como a do Marco Feliciano”, afirmou Cruz.

Em aparte, Laerte Tetila (PT) lembrou que o deputado Jean feriu a ética cristã e que inclusive os evangélicos se pronunciaram contra suas declarações. “Quando a Marcos Feliciano o que ele disse nos remete ao Brasil Colônia”, comparou. “A dor da discriminação fere a alma”, acrescentou.

No pronunciamento de ontem, o deputado Pedro Kemp (PT) também criticou duramente a eleição do pastor Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos, lemrando que o Estado brasileiro é laico. “Ninguém está indo contra nenhuma religião. O que estamos fazendo é combater um pensamento que fere a Constituição e que fere todos os princípios”, argumentou. “O que ele fez está na contra-mão do que a sociedade produziu de mais belo, que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos”, emendou.

 

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