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Interior

Prefeito eleito é investigado por trocar combustível por voto em Ladário

Advogado de Munir Sadeq Ramunieh diz que ele entregou o celular, notbook e está colaborando com a investigação

Por Bruna Marques | 11/12/2024 07:28
Policiais federais durante buscas no Auto Posto Ladário (Foto: Direto das Ruas)
Policiais federais durante buscas no Auto Posto Ladário (Foto: Direto das Ruas)

Posto de combustível do filho do prefeito eleito em Ladário, Munir Sadeq Ramunieh, é alvo da Polícia Federal, na manhã desta quarta-feira (11). A Operação Tanque Cheio investiga corrupção no pleito eleitoral do município, distante 426 quilômetros de Campo Grande. A denúncia é de compra de voto por meio de abastecimento.

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A Polícia Federal deflagrou a Operação Tanque Cheio em Ladário (MS), alvoando o posto de combustível do prefeito eleito Munir Sadeq Ramunieh, suspeito de corrupção eleitoral. A operação, que apreendeu documentos e mídias digitais no estabelecimento, investiga suspeitas de fraudes em licitações da prefeitura, com a empresa de Munir sendo a única fornecedora de combustíveis. O prefeito eleito, que já foi alvo de investigação semelhante em 2020, não estava presente durante a ação, mas seu advogado afirmou que emitirá uma nota posteriormente.

Conforme apurado, logo nas primeiras horas do dia a equipe da PF chegou ao Auto Posto Ladário Ltda., localizado na Avenida 14 de Março, no centro de Ladário.

No local, os policiais apreenderam mídias com conteúdo digital, documentos e objetos relevantes ao inquérito policial. Os materiais serão submetidos a análises periciais para aprofundar as investigações e identificar outros integrantes do grupo criminoso.

O estabelecimento é conhecido como Posto do Munir, mas pertence ao filho dele, Kallil Tres Ramunieh, conforme dados da Redesim do governo federal. A ação dos policiais foi acompanhada pelo irmão do alvo e pelo advogado dele, Maarouf Fahd Maarouf.

O advogado Maarouf respondeu à reportagem dizendo que a PF investigou "denúncia de terceira pessoa", que comunicou à PF a suspeita de abastecimento para compra de voto. O dono do estabelecimento, segundo ele, não era o alvo. A equipe apreendeu o celular e o notbook de Munir Ramunieh, que está colaborando com a perícia. "Tudo foi explicado e passado para a PF, ninguém foi preso, nada foi apreendido", explicou, acrescentando que a denúncia foi feita por opositor. "Tudo cunho político".

Em 2020, Munir Sadeq já havia sido alvo da operação Posto Exclusivo da Polícia Federal. Na ocasião, os policiais investigavam crime de corrupção envolvendo licitações da Prefeitura de Ladário com a fornecedora de combustíveis.

A investigação foi iniciada após denúncia que indicava haver conluio de Munir com servidores municipais. O nome da operação de 2020 faz referência ao fato da empresa investigada ser a única fornecedora de combustível à Prefeitura de Ladário, vencendo sucessivas licitações com suspeitas de fraudes.

Viatura da PF estacionada no posto de combustível (Foto: Direto das Ruas)
Viatura da PF estacionada no posto de combustível (Foto: Direto das Ruas)

Conforme apuração da reportagem, Munir chegou a tentar concorrer à prefeitura do município pelo MDB, mas teve a candidatura indeferida pelo TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral), justamente por prestar serviço à prefeitura.

Exploração à prostituição - Munir Sadeq já foi preso por tráfico de pessoas e responde a processos por corrupção ativa e favorecimento à prostituição. Investigações, conduzidas pelo MPF (Ministério Público Federal), apontam que o tucano também está envolvido em esquemas de contrabando e sonegação fiscal, que teriam causado prejuízo de R$ 600 milhões.

O MPF e a Polícia Federal investigam Munir há mais de uma década. O candidato foi alvo de operações policiais que investigaram o desvio de conduta de servidores da Receita Federal, lotados na inspetoria de Corumbá, que facilitavam o contrabando em troca de propinas. Munir é citado como responsável pela logística desses empreendimentos, fornecendo apoio para as operações de contrabando.

Além disso, documentos do MPF indicam que Munir e sua família teriam obtido grande parte de seus rendimentos por meio da exploração da prostituição, operando uma rede que funcionava como uma organização criminosa. Entre 2003 e 2006, Munir Sadeq Ramunieh manteve uma casa noturna em Corumbá, que foi alvo de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. As investigações da época apontaram o envolvimento do ex-vereador com tráfico de pessoas, exploração sexual e prostituição, gerando convocação para depor em duas CPIs na Câmara dos Deputados em 2012, que investigaram o tráfico de pessoas no Brasil.

Nas eleições municipais deste ano, Munir Sadeq, filiado ao PSDB, foi eleito prefeito de Ladário com 58,52% dos votos.

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