MPE investiga atuação da máfia do câncer na Santa Casa da Capital
O maior hospital de Mato Grosso do Sul, a Santa Casa de Campo Grande, é investigado pelo MPE (Ministério Público Estadual) por suspeita de irregularidades no contrato com a Neorad, clínica que pertence aos médicos oncologistas Adalberto Abrão Siufi e Issamir Saffar.
A clínica particular atende pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) em um prédio da Santa Casa, que fica em anexo ao imóvel principal.
De acordo com a promotora de Justiça Paula Volpe, o caso “ainda está em fase de investigação” e tramita em separado dos procedimentos que apuram irregularidades envolvendo o Hospital do Câncer e a Neorad. A Santa Casa declarou que só irá se pronunciar quando for notificada oficialmente da investigação.
Apuração do MPE e denúncias do Conselho Curador do Hospital do Câncer, que é mantido pela Fundação Carmem Prudente, revelaram esquema de corrupção, emprego de familiares dos diretores com salários acima do pago no mercado e supervalorização de serviços.
Diante da situação, o MPE pediu à Justiça, em caráter liminar, o afastamento da atual diretoria, cujo presidente é o médico Adalberto Siufi. A unidade, que mantém contrato com Neorad, cobrou por atendimento a paciente morto e remunera parentes do diretor com altos salários.
Outro detalhe é que a Neorad recebia tabela SUS mais 70%. Em quatro anos, foram R$ 12 milhões. Em 2011, o hospital recebeu R$ 15,4 milhões de recurso do SUS.
Outra situação – A Neorad e o Hospital do Câncer também são alvos de investigação da PF (Polícia Federal) e do MPF (Ministério Público Federal). Nessa terça-feira, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Adalberto Siufi, no HU (Hospital Universitário), onde ele atendia, no Hospital do Câncer e na Neorad.
Na casa do médico a PF apreendeu R$ 100 mil e quatro armas de fogo. Ele foi preso em flagrante pela posse das armas e foi solto após pagamento de R$ 30.510 em fiança.
O diretor-geral do HU, o médico João Carlos Dorsa Vieira, foi afastado do cargo. Para a Polícia Federal, trata-se de uma máfia, que se aproveita dos recursos públicos destinados para o tratamento de câncer. Só no HU, os desvios superam R$ 3 milhões.