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Capital

PF tem mais de mil horas de gravações da máfia do câncer, diz delegado

Luciana Brazil | 19/03/2013 13:17
Caixa com documentos é retirada do Hospital do Câncer. (Fotos:Vanderlei Aparecido)
Caixa com documentos é retirada do Hospital do Câncer. (Fotos:Vanderlei Aparecido)
Delegado e superintendente da PF, Marcon, diz que  polícia tem mais de mil horas de escutas telefônicas.
Delegado e superintendente da PF, Marcon, diz que polícia tem mais de mil horas de escutas telefônicas.

Pelo menos mil horas de escutas telefônicas fazem parte das investigações da Operação Sangue Frio deflagrada hoje pela PF (Polícia Federal), de acordo com o superintendente do órgão, delegado Edgar Paulo Marcon. Os dados exatos não foram confirmados, mas segundo ele, os telefonemas somam números bem maiores que mil.

A operação investiga falcatruas no Hospital do Câncer e Hospital Universitário de Campo Grande, como crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, peculato e fraudes de licitação.

Marcon frisou que as fraudes se tratam de uma “máfia”. “É um monopólio, uma máfia. É difícil crer que os órgãos municipais ou estaduais não funcionem e só os particulares, já que a mesma pessoa controlava os dois”.

O Hospital do Câncer é suspeito de servir como fachada para desvio de dinheiro público. A unidade oferece tanto atendimento privado quanto pelo SUS e é administrado pela Fundação Carmem Prudente. Na semana passada, o MPE (Ministério Público Federal) acionou a Justiça para pedir o afastamento dos diretores.

A unidade mantém contrato com a empresa cujo um dos proprietários é Siufi, cobrou por atendimento a paciente morto e remunera parentes do diretor com altos salários. Outro detalhe é que a Neorad recebia tabela SUS (Sistema Único de Saúde) mais 70%. Em quatro anos, foram R$ 12 milhões. Em 2011, o hospital recebeu R$ 15,4 milhões de recurso do SUS.

No setor de quimioterapia, onde a média diária é de cem atendimentos, a responsável pelo setor de faturamento foi questionada sobre controle dos pacientes e APACs (Autorização de Procedimentos Ambulatoriais de Alta Complexidade/Custo).

Já no Hospital Universitário, são investigadas fraudes em licitações, corrupção passiva, desvio de dinheiro público e superfaturamento em obras. A Justiça Federal determinou que quatro pessoas fossem afastadas do hospital, sendo dois servidores e dois terceirizados. Os nomes não foram informados.

No ano passado, o hospital entrou na mira do MPF (Ministério Público Federal) por recusar recursos do governo federal para a radioterapia.

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