Não há autor como ele, morte de Geraldo é fratura exposta, diz Renato Teixeira
Não quero entender o que nitidamente não está ao meu alcance entender. A morte de Geraldo Roca é uma fratura exposta.
O que me intriga não é só a violência da partida; Me intriga também o fato dele ter existido meio a margem da vida das pessoas do Brasil. Mistério não tão contundente quanto a morte, mas um mistério intrigante. Porque a sociedade deixa escapar certas expressões que, reveladas, melhorariam sensivelmente a vida de todos?
Nunca houve um autor como ele; nem aqui nem em lugar algum, pois certos dons são exclusivos e únicos. Mesmo que isso possa parecer irreal já que, como disse, o nosso povo, por algum motivo misterioso, usufruiu muito pouco da sua música.
Deixo aqui uma mensagem pro futuro e para todos aqueles que estiverem presentes nesse tempo onde a verdade sobre a obra de Roca, se revelará; sua música vem de uma região cósmica onde as energias da poesia e da beleza se misturam e estabelecem referências essenciais para a evolução das artes.
Éramos amigos desde os anos setenta. Ao longo desses tempos debatemos, questionamos e praticamos arte brasileira, sempre dispostos a corrigir o desnível musical entre interior e litoral.
Em 2015 resolvemos contar a história dessa longa amizade através das canções que fomos gravando ao longo dos anos. Selecionamos oito gravações antigas para serem remasterizadas e regravamos nossos dois principais sucessos; Trem do Pantanal e Romaria. E as cantamos juntos.
O Plano era criarmos um espaço visível para mostrarmos a beleza desse momento que ocorreu paralelo à MPB nos anos setenta e oitenta e que hoje soma-se ao mercado nacional como grande protagonista.
Entretanto, não há o que dizer. Mistérios são mistérios; ponto final.
Geraldo Roca, finalmente, não existe mais!