Nutrição: muito mais que projeto verão
Dia 31 de agosto, Dia do Nutricionista, seria essa, uma data digna de comemoração? A profissão nutricionista carrega uma missão cada vez mais difícil, de informar com responsabilidade sobre os processos que envolvem uma alimentação adequada. Mas as barreiras são inúmeras, vão desde a desinformação corrente nas mídias sociais, passando pelo terrorismo nutricional, até às condições sociais que não garantem o mínimo na mesa de milhares de brasileiros. Nesse contexto, vale lembrar que aqueles que começam uma dieta agora, pelo meio do ano, são privilegiados, podendo se ater ao projeto verão, que infelizmente não cabem aos mais de 70,3 milhões de brasileiros, que vivem uma insegurança alimentar, segundo a ONU.
O desperdício é outro desafio da nutrição no Brasil. Recentemente a campanha “Com fome não dá”, trouxe à tona as 55 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados no ano, aqui no Brasil. Volume mais que suficiente para suprir a necessidade de quem passa fome, que estariam bem, com apenas 7 milhões dessas toneladas. Do outro lado desse cenário, temos a obesidade, uma doença cada vez mais frequente, principalmente nos grandes centros. Tudo isso, nos lembra da difícil missão de orientar e auxiliar pessoas a fazerem escolhas alimentares mais saudáveis. As responsabilidades e as consequências desses cenários, nos leva a pensar que um 39º Ministério, só para cuidar da nutrição, não seria exagero.
Vamos a mais desafios. A busca por um corpo ideal, especialmente durante os meses que antecedem o verão, muitas vezes leva as pessoas a adotarem dietas restritivas e modismos alimentares, que prometem resultados rápidos. No entanto, é fundamental compreender que a nutrição não deve ser encarada como uma simples estratégia temporária, mas como um compromisso de cuidado contínuo com a nossa saúde.
Desde a infância, a alimentação desempenha um papel fundamental no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. Por isso, o acompanhamento nutricional desde os primeiros anos de vida é de extrema importância. A formação de hábitos alimentares saudáveis desde cedo, pode prevenir uma série de doenças no futuro e contribuir para um crescimento adequado.
É preciso lembrar que cada indivíduo possui necessidades nutricionais únicas, que variam de acordo com fatores como idade, gênero, nível de atividade física, metabolismos e objetivos pessoais. Além disso, é importante ressaltar que a prática esportiva não deve ser dissociada da alimentação. Muitas vezes, as pessoas se exercitam intensamente, mas negligenciam a importância de uma alimentação adequada para potencializar os resultados e garantir a saúde durante a prática esportiva.
Lembro que uma alimentação saudável não precisa ser sinônimo de alto custo. É perfeitamente possível se alimentar bem sem gastar uma fortuna. Optar por alimentos in natura, como frutas, legumes, verduras, grãos e proteínas magras, é uma maneira econômica e inteligente de nutrir o corpo. O segredo está em fazer escolhas conscientes e priorizar alimentos verdadeiramente nutritivos, como a união de arroz, feijão, salada e proteína.
Em resumo, a nutrição vai muito além do "projeto verão". Ela é um compromisso de longo prazo com a saúde e o bem-estar, que começa desde a infância e acompanha todas as fases da vida. O papel do nutricionista é orientar, educar e proporcionar um suporte individualizado para que cada pessoa alcance seus objetivos de forma saudável e sustentável. Neste Dia do Nutricionista, celebremos não apenas a busca por corpos esteticamente bonitos, mas também a busca por vidas saudáveis, dignas e plenas através da nutrição adequada. E que todos tenham o poder de se nutrir.
(*) Emerson Duarte é nutricionista esportivo em Mato Grosso do Sul.